sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

GARDEL

                                               - desculpem, não consegui desvirar a foto!
GARDEL

FlávioMPinto

Vinho feito com exclusividade  pela Bodega 636 de Rivera- ROU para a Parrillada Gardel da mesma cidade.

De boa cor violeta forte com aromas de frutas maduras saindo do gargalo. Não é comercializado normalmente e sim, somente para consumo da Parrillada.

É um blend de Tannat, Cabernet Sauvignon e Merlot.

Feito de forma absolutamente artesanal pelo Thiago com direito a rotulagem á mão, encima da coxa. Acreditem!

 Bem que poderia ser o “ blend oficial da região da Campanha”, tal a aceitação destas uvas na região. Assim como os diversos blends com as conhecidas Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc em Bordeaux. Cada vilarejo tem seu blend exclusivo. São famosos mundialmente.

Um vinho bastante tânico, potente , mas macio e confortável de degustar. Pode-se notar as características das três uvas a cada gole.

Deixa um final bem fresco, frutado e duradouro.

Esta é a minha opinião.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A ALMADÉN E O SONHO JOGADO FORA


A ALMADÉN E O SONHO JOGADO FORA

FlávioMPinto

Com a compra da Almadén anos atrás pelo Miolo Group, o universo dos vinhos na fronteira alvoroçou-se e esperava um crescimento maior daquela indústria que dominava os vinhos no Brasil. Era pequena, mas o seu prestígio era maior do que se imaginava.

A Almadén introduziu um novo conceito para os vinhos na época: a maneira de como os vinhos e seu universo são tratados, particularmente na França e Califórnia, dois dos maiores  mercados do mundo do vinho.

A começar pelo rótulos dos vinhos: muito bem confeccionados , bonitos, continham todas as informações necessárias para um bom entendedor e degustador, tal qual se viam nos vinhos franceses. Foi um sucesso no Brasil, pois o admirador de vinhos estava sendo, finalmente,  tratado dignamente como consumidor europeu. A Almadén ensinou o brasileiro a degustar vinhos de qualidade.

Certa vez, em Belo Horizonte, se não me engano em 1990, estava com a família numa churrascaria na Av Raja Gabaglia, subindo á direita logo após a Av. Contorno, quando, ao ler a carta de vinhos, perguntei ao maitre porque não tinham vinhos da Almadén. Ele me respondeu assim: “ Não temos por dois motivos- o primeiro é porque nossa adega está abarrotada, e o segundo é porque, se tivéssemos Almadén, o público só pediria ele e o que faríamos com os outros?”

O sucesso era um fato incontestável pela maneira como os degustadores eram tratados pela marca. A cidade de Livramento vivia em torno da vinícola prestigiando e a administração municipal apoiando e dando o que a empresa necessitasse em fomentos fiscais. O retorno era imediato em impostos, empregos e prestigio para a cidade fronteiriça. A cidade e seu povo admiravam e vibravam com a indústria vinícola, a ponto de inserirem um cacho de uvas na bandeira do município e a vinícola passar a adotar o Cerro de Palomas, um símbolo da cidade, nos seus rótulos.

Uma das primeiras providências dos atuais donos, o grupo Miolo, da Serra gaúcha, foi reclassificar, independente da qualidade apresentada e reconhecida no mercado brasileiro, todos os vinhos da Almadén, como de segunda categoria ( Basico  Semiluxo e Popular)  na base de uma pirâmide que os de outras filiais, equivalente ou inferiores até aos da Almaden, estavam, e estão ainda, no topo. E é claro, a seguir, retiraram o Cerro de Palomas dos seus rótulos para vigorar o seu. Foi mais um tapa na cara de uma cidade que havia abraçado o projeto vinícola da Almadén.

Para quem havia produzido vinhos de indiscutível qualidade como os da linha Ouro, Prata, Cordilheira e Palomas( Cabernet Sauvignon, Gewurztraminer, Pinot Noir , Flora Palomas, Pinot  Saint George) e outros tantos para encher de orgulho o mercado brasileiro e seus enoconsumidores. A maior prova da sua capacidade é a produção do Vinhas Velhas, um Tannat fora-de-série, talvez feito com o que restou dos antigos parreirais, como a mostrar do que é capaz, que não sei como se sente hoje, se é que vinho sente,  acompanhado de vinhos de discutível qualidade vendidos, basicamente, no mercado paulista, como se tem notícia.

Almadén, tempos atrás, com seus vinhos sofisticados, era símbolo de qualidade nos vinhos brasileiros, tão carente de um filho para enfrentar os estrangeiros com dignidade, qualidade e hombridade.

Na realidade, mercadologicamente falando, o grupo Miolo jogou milhões de reais fora ao desclassificar internamente uma  filial com marca consagrada, marketing eficiente e produtos verdadeiramente reconhecidos como líderes  no mercado que atuava. Anos de pesquisa em produtos de qualidade reconhecida no setor foram jogados fora.

Espero que os atuais donos da Almadén não esqueçam que jogaram fora os sonhos , os símbolos e esperanças de uma cidade inteira.

QUE OUTRAS VINÍCOLAS INSTALADAS, E A SE INSTALAR, NA PROMISSORA REGIÃO, TENHAM ISSO COMO FAROL!

domingo, 7 de fevereiro de 2016

SANTA COLINA TANNAT 2014

SANTA COLINA TANNAT 2014
FlávioMPinto
Um vinho jovem, simples  e muito prendado da Santa Colina, de Livramento.
Tannat barato, simples, mas cheio de estilo. Deve ser bebido refrescado nesta “calentura” de verão sulino.
De cor violácea forte, escuro, pouco transparente, exala aromas frutados ao ser aberto.
Na boca, mirtilos, ameixas verdes, forte presença de madeira, taninos bem salientes. Um vinho potente e um pouco alcoólico parecendo mais com seus 12,5%. Um vinho com um bom frescor.
Tem bom volume de boca.
É  um vinho elegante e complexo, com toques de especiarias e vegetais aromáticos, como hortelãs e alecrim. Um vinho meio magro, enxuto, medianamente encorpado. Mostra um corpo bem definido com café, defumados e baunilhas.
É bem estruturado e suas qualidades afloram a cada gole. A uva Tannat é uma das mais ricas em Resveratrol, elemento protetor das artérias.
O SANTA COLINA TANNAT 2014 está meio verde. Necessita mais um tempo de amadurecimento. Demonstra forte potencial de guarda, embora com teor alcoólico baixo.
Deixa um final bem forte, cítrico e duradouro, bem cítrico com laranjas e limões.
É a região da Campanha se mostrando.
Esta é a minha opinião.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

UVAS NA FRONTEIRA GAÚCHA


AS UVAS NA FRONTEIRA GAÚCHA

FlávioMPinto

Quando a Universidade da Califórnia-EUA, na década de 60/70  fez a famosa prospecção na região da Campanha com uso até de tecnologia de satélites exploradores, o setor vitivinicola brasileiro vivia na idade da Pedra.

Então, os americanos apontaram uma promissora região vitivinícola, uma das últimas do globo terrestre a ser explorada. Considerando que a vinicultura vive de terroirs, pequenas parcelas de terra com clima e solo uniformes, os especialistas americanos visualizaram milhares de terroirs ainda não explorados, espalhados por toda região da Campanha gaúcha.

A primeira empresa a se instalar foi a Almadén, da National Destillers , em Livramento, que trouxe tecnologia européia e ainda inexistente no Brasil para tratar das uvas e chamar os vinhos como no Primeiro Mundo. Literalmente a Almadén ensinou o brasileiro a degustar e não beber vinhos de qualidade.

Rapidamente tomou o mercado brasileiro de assalto conquistando o paladar ávido de degustadores de caríssimos vinhos estrangeiros. O respeito ao consumidor nas variedades apresentadas, nos rótulos vendidos, no relacionamento com os clientes, eram a tônica.

A firma americana lançou a semente de uma região promissora , que hoje é uma realidade,  com inúmeras vinícolas seguindo seu rastro de qualidade.

A vinicultura é uma tradição muito antiga na cidade, tanto é que poucas são as casas que não possuem uma parreira no seu quintal dando uma bela sombra e melhores frutos. Recordo das uvas brancas e Moscatel que tínhamos em casa.

O clima e solo foram os maiores responsáveis e determinantes pelo plantio e evolução das vitis viníferas  na região da Campanha. O solo arenoso que proporciona raízes profundas apoiadas por um clima frio e úmido no inverno e seco e quente no verão era o que aquelas uvas desejavam.

E não deu outra. Já temos o AMAT, da Juan Carrau, de Rivera, bem na linha divisória do Brasil com Uruguai, com parreirais serpenteando marcos territoriais, sendo considerado o melhor  Tannat do mundo. Um vinho sideral, como bem definiu um dos maiores entendidos do setor, o inglês Neil Beckett.

Outras vinícolas e outros vinhos surgirão no futuro promissor da antiga área habitada por pastagens e gado de corte e leite, que agora convivem com os parreirais.

As espaldeiras estão tomando conta das suaves e verdejantes colinas gaúchas “penteadas” solenemente pelo Minuano.