domingo, 25 de março de 2018

LEGADO MUÑOZ GARNACHA 2016

LEGADO MUÑOZ GARNACHA 2016
FlávioMPinto

Um espanhol de Toledo, terras de Galicia,  feito de uvas Garnacha, a Grenache francesa plantada em terras espanholas onde entrou pela Catalunha.
Um vinho de cor purpura clara e aromático. 
Depois de uma decantação apresentou-se muito cálido.
Aromas frutados de groselhas frescas e um ar meio apimentado, selvagem.
Na boca as framboesas deram lugar a pimentões verdes, combinando com morangos maduros. A sensação gustativa dos pimentões foi se acalmando medida que progredia com o tempo na taça. 
O teor alcoolico de 13,5% deixa uma breve passagem, mas não domina o quesito da elegância nem desequilibra o vinho.
A uva Garnacha ou Grenache é uma das mais plantadas no mundo, em volume, graças aos franceses do Vale do Rhône que a tem como a principal uva, com destaque nos Châteauneuf-du-Pape, uma das mais antigas Appellation Controlé da França.
É pouco conhecida no Brasil e raramente plantada nos vinhedos brasileiros. Pouco expressiva por aqui.
Deixa um final selvagem e duradouro.
Deve ser decantado obrigatoriamente.

Esta é a minha opinião.

domingo, 11 de março de 2018

CLAUDE VAL VENDANGES 2016

CLAUDE VAL VENDANGES 2016
FlávioMPinto
Sempre quando degusto vinhos franceses me vem a seguinte indagação: o que bebemos no Brasil? Essa mesmice de Cabernet Sauvignon e Merlot, fruto da falta de criatividade brasileira, para não dizer preguiça de alçar voos com outras uvas e assemblages,  nos deixa com horizontes curtos e o paladar muito restrito.
O Claude Val, uma obra do enfant terrible francês Paul Mas, vem das colinas de Herault do sul da França e amplia o nosso paladar a limites que não imaginávamos alcançar.
Feito de Grenache, Merlot, Syrah e Carignan, um assemblage inédito, nos dá um teor alcoólico de 13,5% que não chega a boca.  Os aromas vegetais e florais da Carignan e Grenache dominam não deixando espaços para as internacionais Syrah e Merlot, apenas o aveludado da Merlot aparece, mas essa também é uma característica das Carignan e Grenache, do Vale do Rhône. 
Na boca, é medianamente encorpado, muito elegante, cálido e aveludado,  parecendo nos abraçar a cada gole. Morangos maduros, ameixas negras, amêndoas e vegetais cozidos nos trazem o caráter dos vinhos do Languedoc-Rousillon do sul da França. 
A mistura de uvas autóctones francesas com internacionalistas foi um caminho aberto, com sucesso, pelos italianos da Toscana quando ousaram e se deram muito bem com os Super Toscanos ampliando o universo de emprego da Sangiovese no mundo vitivinícola italiano. Paul Mas vai nessa mesma direção com suas uvas e vinhedos no Languedoc.
Um vinho muito equilibrado podendo ser degustado e apreciado em todas as suas nuances por quem entende do riscado. Se sobressai sua acidez, denotando sua vocação gastronômica. 
Um enófilo brasileiro vai estranhar os aromas e sabores das uvas autóctones francesas. Quem não entende , vai passar batido!
Deixa um final cálido, frutado e duradouro.

Esta é a minha opinião.