ALMA BASKA
2012
FlávioMPinto
A comunidade basca de Sant’Ana do
Livramento nos brinda com um belo vinho. A etnia, vinda da Europa fruto da diáspora
basca, radicou-se em Livramento nos dando famílias importantes no crescimento e
desenvolvimento da cidade. Asconavietas,
Yrigoyens, Escosteguys, Damboriarenas, Etchechurys, Etchepares, e outras tantas
famílias bascas que deixam seu nome demarcando a história santanense com seu
trabalho e camaradagem.
E agora, no vinho, deixa sua marca
com a família Escosteguy nos brindando com o Alma Baska, um assemblage tinto de
Tannat e Arinarnoa engarrafado pela Vinícola Rio Velho de Rosário do Sul. E já nos trás a novidade: a Arinarnoa, um cruzamento
de Merlot e Petit Verdot, criado em Bordeaux a pouco mais de 50 anos. Uma uva com taninos potentes.
A combinação da Arinarnoa, que já faz sucesso na região da Campanha, por sua
adaptabilidade e rendimento, com a Tannat, dá um belo assemblage, combinando as
duas uvas potentes. Os taninos não são potencializados no blend e sim se
arredondam incrivelmente nos dando um vinho untuoso, suave e fácil de beber.
Como se vê nas suas insistentes lágrimas. Mesmo com os 13% de álcool.
De cor violácea clara, apresenta
um bouquet suave de frutas como morangos e também de framboesas. É cálido e
enche a boca.
Não é um vinho complexo, mas
diferenciado no seu caráter. Não possui aromas nem sabores de vinhos mais
sofisticados, afinal é um vinho de certa forma comum. Mas nos parece ser um
produto altamente gastronômico, ideal parceiro de carnes vermelhas e mesmo
massas com molhos consistentes. Não passa por madeira ou qualquer tipo de
correção. É um vinho na sua essência. Purista.
E nos dá um final curto, mas
marcante.
Na fronteira gaúcha, fruto do boom da uva vinífera, já começam a
surgir pequenas vinícolas e plantadores em pequenas quantidades e que resultam
em pequenas produções de vinhos diferenciados tal qual nos países maiores
produtores. São os vinhos produzidos por aficionados e não por absoluta imposição
do comércio.
O Alma Baska e a Rio Velho nos trazem
isso: a paixão pelo vinho e o compartilhamento com os amigos e mais chegados e
vem a justificar o terroir santanense como de excelência.
Beba-o refrescado.
O Alma Baska não é encontrado no
comércio. Infelizmente. Mas indica o caminho da vitivinicultura da fronteira.
Esta é a minha opinião.