domingo, 28 de julho de 2013

REGIÃO DA CAMPANHA GAÚCHA O NOSSO MÉDOC


REGIÃO DA CAMPANHA GAÚCHA O NOSSO MÉDOC

FlávioMPinto

A faixa de terreno que vai de Encruzilhada do Sul até Uruguaiana fazendo fronteira com o Uruguai  no Rio Grande do Sul, tem tudo para se tornar mais um polo de riquezas. As terras férteis da Campanha,  destinadas ao gado,  estão passando ao cultivo de vitiviníferas de qualidade reconhecida.

Cada dia surge um terroir novo, uma vinícola nova e um rótulo de vinho novo.

Parece que as uvas encontraram novo chão na fronteira, especificamente na Campanha Gaúcha.

A primeira descoberta desses terroirs foi  na década de 70 passada quando a Universidade da California-EUA a localizou por satélite e identificou e a Almadén, então da National Distillers, se instalou em Livramento, visionariamente. Era o início e surgimento da vocação vitivinífera da fronteira oeste gaúcha. Inicialmente a área descoberta estendia-se de Livramento a Bajé.

Com a aplicação de mais tecnologias e exploração, novas áreas foram descobertas.

Cidades com vocação exclusivamente para o gado voltaram-se para a nova atividade. Livramento, Bajé, Dom Pedrito, Rosário do Sul, Encruzilhada do Sul, Candiota, Itaqui, e agora Quaraí, diversificam com sucesso sua atividade produtiva harmonizando gado com uvas.

Sim, está surgindo um novo polo de produção de vinhos,  de vinhos de alta qualidade, assim como no Médoc, região mais emblemática e produtiva de Bordeaux em termos de qualidade. A grande diferença é que a Campanha não é uma região artificialmente preparada como a francesa, que foi toda drenada. É natural, dando ao produtor um solo adequadamente fértil sem artificialismos. A Pampa vinícola caiu de braços no colo do gaúcho pastoril que rapidamente muda de ares.

As grandes vinícolas da Serra gaúcha já estão se mudando para a fronteira oeste.  A Miolo em Livramento através da Almadén e em Encruzilhada do Sul, a Salton em Livramento, a Casa Valduga em Quaraí e outras tantas que adquirem uvas na Campanha. Todas aliadas às pequenas vinícolas que lotearam a Campanha com seus parreirais.

De fato, está surgindo uma nova fronteira agrícola no Brasil: a vitivinicultura da fronteira oeste do Rio Grande, a região da Campanha com seus campos de pastagens e colinas suaves, seu vento úmido no inverno e calor seco do verão, ideais para florescimento e maturação de uvas viníferas de ótima qualidade.

sábado, 27 de julho de 2013

ENCONTRO DA CONFRARIA BOM VIN NA ENOTECA VINUM


ENCONTRO DA CONFRARIA BOM VIN

FlávioMPinto







Novamente a Confraria Bom Vin reuniu-se para falar amenidades sobre o vinho, rever amigos confrades e degustar, é claro, ninguém é de ferro, um bom vinho.

Foi no dia 26 de Julho na Enoteca Vinum, na Rua Marques de Herval, 52 em Porto Alegre, tivemos mais um aprazível encontro contando com a prestigiosa presença de Mauro Côrte Real, assíduo frequentador da confraria. Um dia frio e ideal para consumo de tintos.

A bola da vez foi a apresentação de vinhos da Vinícola Campos de Cima, vinícola butique de Itaqui, que nos brindou com antigos e lançamentos. Os Ayub nos trouxeram valiosos conhecimentos para decifração do sucesso da Campos de Cima e nos apresentaram para degustação seus produtos.

A degustação foi aberta com dois espumantes, um Brut e outro Extrabrut. Ambos muito distintos e frutados, uma característica peculiar daqueles espumantes nos remetendo aos bons champagnes. Um Viognier 2011 encorpado de uma tiragem de 2000 garrafas e a seguir os tintos com um Malbec e uma degustação vertical de Tannat 2006, 2008 e 2011.

A Campos de Cima destaca-se por sua produtividade reduzida que faz com que seus vinhos sejam tratados como filhos diletos únicos. Pequenos lotes, pequenas tiragens, uvas colhidas á mão, só poderiam render vinhos exclusivíssimos, distintos.

O solo generoso de Itaqui rende frutos, que apenas estão no seu desabrochar, e a Campos de Cima vai nos brindando com vinhos honestos e dignos. Bons em qualidade e preços, com um custo-benefício excelente, mas não são encontrados em todos os lugares .  Apenas em locais exclusivos e no site da empresa.

A noite fria se aqueceu com os brancos e tintos da Campos de Cima e as tiradas sobre vinhos dos mais de 60 anos de vivência na área de Mauro Côrte Real.

CAMPOS DE CIMA VIOGNIER 2011


CAMPOS DE CIMA VIOGNIER 2011

FlávioMPinto



Um dos últimos lançamentos da Vinícola Campos de Cima, vinícola butique de Itaqui, quase na fronteira com a Argentina.

Um vinho diferente. Diferente começando pela uva: Viognier, pouquíssimo usada para vinificação. Se estivéssemos em Portugal não estranharia,  pois lá, os portugueses prestigiam e vinificam as mais de 300 castas que colhem.

A Viognier foi uma uva que se deu muito bem nos Campos de Cima, região oriental da Campanha.

De cor amarelo palha com reflexos esverdeados, o vinho começa a se destacar no nariz onde nos remete a um bom espumante. Aliás, outros destaques da Vinícola são seus espumantes Brut e Extrabrut. São jovens na produção, mas de extrema qualidade.

Na boca, cítricos (abacaxi, lima) se destacam e logo se apresentando a Chardonay que faz parte do blend com 5%. O resto é Viognier, claro. A Chardonay encorpa e estrutura o Campos de Cima Viognier dando-lhe ares mais responsáveis e sérios. Um branco de fraque e cartola.

Bom equilíbrio de álcool-12%- e acidez.

Deixa um bom final cítrico.

Esta é a minha opinião.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

ALMADÉN VINHAS VELHAS TANNAT 2012


ALMADÉN VINHAS VELHAS TANNAT 2012

FlávioMPinto


O exemplar degustado é a garrafa nº 1 do engarrafamento da safra de 2012 ocorrido em 09/01/2013, na sede da Vinícola Almadén e ainda sem rótulo. Foi-me presenteada por meu irmão, Duda Pinto, jornalista em Santana do Livramento.

A Almadén tenta mostrar, com a linha Vinhas Velhas, uvas de parreirais com mais de 30 anos, que ainda sabe fazer vinhos. Sua produção não se limita áqueles vinhos de menos de 10 reais.  Pode fazer mais com o que tem á mão. E aí, já na segunda tiragem, surge o Vinhas Velhas Tannat.

A Tannat é uma uva que se deu muito bem na fronteira oeste gaúcha a cavaleiro do sucesso da uva no Uruguai. São áreas semelhantes proporcionando terroirs parecidos , se bem que em alguns locais uruguaios o mar faz a diferença.

O Almadén Vinhas Velhas Tannat 2012, na minha avaliação, é mais calmo que o primeiro lançamento, o 2011. Embora com as características iniciais, escuro, forte, apresenta-se com mais suavidade. O 2011 era mais tânico, mais Tannat, claro, até mais agressivo. Nos aromas é menos frutado. Não parece ter passado por carvalho. Não tenho referências de teor alcoólico, mas deve andar pela casa dos 14% pela sua untuosidade.

O 2012 se apresenta de forma até mais leve, se bem que tem muito a amadurecer na garrafa, mas como está  já é um bom indício de evolução. Talvez, daqui a alguns anos, numa degustação vertical essas diferenças apareçam com mais nitidez.

Deixa um final curto mas saboroso.

Esta é a minha opinião.

terça-feira, 23 de julho de 2013

REUNIÃO EXTRA DA CONFRARIA BOM VIN


REUNIÃO EXTRA DA CONFRARIA BOM VIN

FlávioMPinto

A Confraria Bom Vin reuniu-se ontem, 22 de julho 2013, na Scantinato di Peppo, na Rua Mariante com Dona Laura em Porto Alegre, para mais uma apresentação de vinhos.

Desta vez foi a cargo da Domno do Brasil , importadora e produtora de espumantes pelo método charmat, empresa do grupo Valduga.

Foram apresentados 6 (seis) vinhos e um espumante dentro de um tema chamado Uma volta ao mundo em seis vinhos. Vinhos da Argentina, Chile, Portugal, Espanha, Itália e França.

Produtos importados pela Domno para o mercado brasileiro:

- Yali Carmenére 2011- Chile;

- Tomero 2010- Argentina;

- Romeira 2010- Alicante Bouschet, Trincadeira e Aragonez/Portugal;

- Nexus 2010-Tempranillo/Espanha;

- Chianti Cortevechia Classico 2008- Italia;

- Capet Guillier Saint Emillion Gran Cru 2009.

No final nos foi apresentado e degustado um Casa Valduga Raízes Cabernet Sauvignon 2010. Durante todo encontro foi servido e degustado o último lançamento da Domno- o espumante .Nero Blanc des Blancs.

Uma noite agradável patrocinada pela turma do Orestes de Andrade Jr e a comando de Jones Valduga.


CASA VALDUGA RAÍZES CABERNET SAUVIGNON 2010


CASA VALDUGA RAÍZES CABERNET SAUVIGNON 2010

FlávioMPinto

Ao término de uma reunião da Confraria Bom Vin, no dia 22 de Julho na Scantinato di Peppo em Porto Alegre, nos foi apresentado o Casa Valduga Raízes Cabernet Sauvignon 2010.

Oriundo de vinhedos da área a norte de Quaraí, nos revela mais um terroir de respeito na região da Campanha.

Mas o vinho é um legítimo Cabernet Sauvignon. Escuro, impenetrável. Muito aromático, mas já revelando uma pretensão á aristocracia com seus taninos bem domados pela Casa Valduga.

Sendo um varietal do rei das uvas tintas, não decepciona nos apresentando um belíssimo vinho de um terroir ainda desconhecido.

Complexo, estruturado e austero, “sério que nem burro atolado”, como bem se diria na fronteira, o Raízes deixa sua marca muito forte como mais um produto de excelência dessa região portentosa para o cultivo de vitisviníferas de qualidade, que agora dá sua carta de apresentação.

Deixa um final longo e saboroso.

É, essa Campanha ainda vai dar muito o que falar com o que está surgindo.

Esta é a minha opinião.

.NERO BLANC DES BLANCS


.Nero Blanc des Blancs

FlávioMPinto

Um espumante como nenhum outro. Já, de cara, a excelente apresentação: garrafa branca , transparente, deixando á mostra o líquido precioso do .Nero Blanc des Blancs.

Cor belíssima, um dourado brilhante que já nos seduz antes do desarrolhar.  Aberto, o .Nero nos inebria em aromas cítricos, abacaxi, lima, limão, principalmente. Perlage finíssima e duradoura é destaque.

Na boca, embora ainda possa evoluir muito, mesmo tendo passado 16 a 18 meses em contato com as leveduras, mostra pão torrado, maça verde, e os outros cítricos dos aromas.

O .Nero Blanc des Blancs é feito exclusivamente de uvas Chardonay da Serra gaúcha.

Um dos melhores espumantes que degustei até presente data.

Esta é a minha opinião.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

M.CHAPOUTIER CÔTES DU RHÔNE BELLERUCHE 2009


M. Chapoutier Côtes du Rhône Belleruche 2009

FlávioMPinto



Um  89 pontos de Robert Parker-Wine Advocate.  Feito de Grenache e Syrah, uvas padrão de muitas AOC do Côtes Du Rhone.

De cor rubi intensa, quase púrpura,  já no desarrolhar da garrafa surgem aromas fortes frutados de baunilhas e cerejas, um pouco de tabaco e madeira. Na boca apresenta-se alcoólico com seus 14%,  deixando bem demarcada sua passagem. Nuances de tostados, tabaco, morangos e a confirmação dos aromas na boca.

Medianamente encorpado e complexo, convém fazer uma boa decantação para que se amacie melhor, embora seus taninos estejam bem cuidados. Muito sério e definido.

Deixa um final longo e saboroso. De boa grife e conceituação.

Um legítimo integrante da AOC do Côtes Du Rhône.
Esta é a minha opinião.

COL D'ORCIA BRUNELLO DI MONTALCINO 2006


COL  D’ORCIA BRUNELLO DI MONTALCINO DOCG 2006

FlávioMPinto



 Col D'Orcia é uma das mais antigas vinícolas de Montalcino, estando presente desde 1933 com o nome "Fattoria di Sant'Angelo in Colle" e pertence á família Cinzano.

Nos apresenta um Brunello tradicional.

Inicialmente uma coloração púrpura não muito forte, mas pelas bordas verifica-se que o vinho está bem vivo. Em dia e em ordem.

No nariz desponta um bouquet de frutas vermelhas e violetas. Bem perfumado, por sinal. Lágrimas parcimoniosas descem indicando seu teor de 14% de álcool.

Na boca o Brunello se revela bem frutado ricamente com sabores de cerejas, morangos bem maduros e amoras. As violetas também surgem. Muito elegante e aristocrático. Distinto.

Bem encorpado, apresenta taninos muito distintos e bem resolvidos. É um Brunello com a denominação e garantia de origem controlada e garantida DOCG. Fácil de se entender por sua suavidade.  A madeira não dá ar de sua graça. Desapareceu ante a frutuosidade.

Deixa um final frutado e duradouro.

Esta é a minha opinião.

domingo, 7 de julho de 2013

ABBADIA ARDENGA BRUNELLO DI MONTALCINO 2005


ABBADIA ARDENGA BRUNELLO DI MONTALCINO 2005

FlávioMPinto


Um Brunello é um Brunello e estamos conversados. A maior grife de vinhos italianos e pronto. É isso aí.

Esse, da Abbadia Ardenga, da Azienda Agricola de Montalcino-Italia, degustado foi adquirido em Roma- Itália. Já é o segundo da mesma vinícola e safra que tenho a satisfação de degustar. Mas são de vinhas diferentes e os rótulos são diferentes. Pois bem.

Após ser desarrolhado, já apresentou seu cartão de visitas: aromas frutados nos atacam. Cerejas, morangos, até cassis e violetas surgem na mistura. Um festival de aromas de frutas e flores silvestres.

Na boca, a untuosidade, demarcada pelos 14% de teor alcoólico e pelas lágrimas generosas, o Brunello confirmou seus aromas, agora sabores de frutas vermelhas. Se bem que um tanto já para o lado da perda do vigor, pois já estava com os bordos se atijolando. Entenda-se estava com mais de 8 anos na garrafa, daí o início do seu declínio. Mas ainda em plena forma. O da Vigna Piaggia degustado em 2012 estava em melhores condições.

Deixa um final muito marcante e significativo. Duradouro. E uma bela mensagem no contrarrótulo:

“ Walking alone cannot cannot appease my soul which yearns upon a breeze to fly where  words cannot express the joys of life which I share best with you, my dear Brunello.”

Esta é a minha opinião.