A MALDIÇÃO DA ALMADÉN
FlávioMPinto
Que ninguém duvide que algo sobrenatural existe no
território da Almadén. Uma vinícola inovadora implantada em Sant’Ana do
Livramento-RS, logo alcançou os píncaros
do sucesso com seus produtos. Foi ícone
nacional e até hoje, desde sua implantação na década de 70, fruto da prospecção
por parte da Universidade da Califórnia que descobriu, via satélite, o terroir
santanense.
Foi a vinícola que literalmente ensinou o brasileiro a tomar
e degustar vinhos finos. Nos seus rótulos destacavam-se todos os requisitos dos
melhores vinhos mundiais. E ganhou mercados ávidos por bons vinhos
imediatamente. Inicialmente pela extrema qualidade dos seus produtos e uma
segunda oportunidade, pela larga gama de castas produzidas e que agradavam
todos os gostos do público consumidor brasileiro que só tinha semelhantes nos
importados e com preços exorbitantes.
Quem não lembra da linha Palomas com seus rótulos prateados
dos vinhos French Colombard, Flora California, Pinot St George, distintíssimos, dentre outros? E a linha Ouro
com um Chardonay, Cabernet Sauvignon e um Pinot Noir de fazer inveja aos
melhores importados?além dos brancos muito bons como o Sauvignon Blanc,
Semillon Blanc e Gewurtztraminer?
A indústria promissora progredia a olhos vistos no mercado
nacional. É claro e óbvio, levava o terroir junto.
Mas concomitantemente com o sucesso, a vinícola passou a
enfrentar problemas e a trocar de donos até a recente ameaça de ser fechada por
sua última controladora- a Miolo.
A última fronteira vitivinícola acabara de ser descoberta e
seus frutos estavam dando o devido recado. A região da campanha começara a
trocar o regime pastoril pela vinicultura e as vinícolas, na senda aberta pela
Almadén, começam a nascer no horizonte pampeano.
É claro que esse progresso passou a despertar inimigos
comerciais, particularmente no setor mais tradicional de produção de vinhos no
Brasil. E é muito estranho que as duas maiores vinícolas da fronteira deixem de
engarrafar seus produtos em Livramento para engordar os cofres da região da
Serra gaúcha.
A Almadén vem de uma longa série de vinhos pobres, nada
condizentes com o passado de qualidade da empresa, apenas salvou-se com o
Tannat Vinhas Velhas numa mostra que ainda sabe fazer vinhos de qualidade.
Será que a Miolo se deu conta que a marca Almadén é maior
que ela?
As razões alegadas para fechamento não seriam puramente
ciumeira do passado da empresa subordinada?
Não, não existem aspectos sobrenaturais. São aspectos
puramente humanos.
A quantidade de vinícolas instaladas na fronteira não deixa
mentir sobre o sucesso do terroir santanense.
Que a Almadén encontre
novamente mãos e cabeças que gostem dela e do vinho , mas antes entendam a
revolução que fez na vitivinicultura na fronteira oeste do RS e no Brasil.
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