segunda-feira, 29 de abril de 2013

DUETTO CASA VALDUGA 2011


DUETTO CASA VALDUGA 2011

FlávioMPinto

Uma agradável surpresa este vinho da Casa Valduga. Um assemblage de Pinot Noir e Shiraz muito bem harmonizado.

De cor típica de um bom Pinot Noir, apresenta-se com um bouquet bem perfumado, exalando framboesas e cerejas frescas com notas florais. Lágrimas curtas indicam seu teor alcoólico de 12,5%. Muito aromático.

Mas é na boca que apresenta todo seu vigor. Límpido, com um frescor destacado, pouco tânico, como convém á Pinot Noir, medianamente encorpado. Um vinho elegante. Bem resolvido.

A Pinot Noir combina bem com a Shiraz, o frutado da Pinot com a intensidade da Shiraz, poucos taninos, leve corpo, atraente personalidade resultante. Amoras maduras e doces se pronunciando.

Deixa uma ótima impressão com sua ótima persistência. Um estilo fácil de gostar.

Esta é a minha opinião.

sábado, 27 de abril de 2013

CHÂTEAU FONRAZADE SAINT EMILLION GRAN CRU 2003


CHÂTEAU FONRAZADE SAINT EMILLION GRAN CRU 2003- um Gran Cru salvo da morte

FlávioMPinto




O Château Fonrazade 2003 adquirido em Paris era o vinho mais antigo da adega. Guardava-o para uma ocasião especial. Já estávamos em 2013 e a ocasião surgiu: o dileto filho de Saint Emillion, um Gran Cru guardado no capricho seria degustado. Desavisadamente o abri , enchi a taça e bebi. Não esperei  nada. Senti um gosto estranho e vaticinei: estragado e logo o destinei á comida. Que destino cruel a um Gran Cru! Mas tinha de ser assim para não jogá-lo fora. Me questionei muito em relação ao modo de guardá-lo( a pequena adega fica ao lado do refrigerador seria a culpada?) e imediatamente a afastei do local onde estava.

Três meses depois, agora,  precisei de um vinho para colocar num salmão com ervas finas e mel e o Fonrazade surgiu depois de hibernar na geladeira. Antes, decidi dar uma “bicada”. Qual não foi a minha surpresa que o vinho estava a mil maravilhas, o néctar dos deuses.

Frutado, com nuances fortes de morangos e cerejas, sem rastros de madeira no aroma, denunciavam que o meu primeiro julgamento estava absolutamente errado.

Na boca a surpresa aumentou transformando-se em imenso prazer. Dos aromas , surgiram sabores de cerejas maduras ainda, framboesas, cassis e nada alcoólico. Cálido, acolhedor, convidativo, macio, sedoso, faltaram adjetivos para o Fonrazade. Afinal, era um Gran Cru mostrando serviço. Apenas as borras denunciavam sua idade.

Um vinho extremamente elegante e aristocrático ressurgia das cinzas. O meu erro, quase fatal, foi não ter procedido a decantação. Um erro básico, e inacreditável, em se tratando de um vinho antigo.

Mesmo um tinto, o Fonrazade combinou maravilhosamente com o salmão. Eu mesmo não levava muita fé na “maridage”, mas mais uma vez fui surpreendido e aprendi que não se deve desprezar um Gran Cru. Ainda mais um Saint Emillion.

Quem disse que salmão só combina com brancos?

Ouse, invente e se surpreenda.

Esta é a minha opinião.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

ÉLÉPHANT ROUGE 2011


ÉLÉPHANT ROUGE 2011

FlávioMPinto





Depois de muita procura encontrei o Éléphant Rouge. Tempos atrás, assisti uma palestra na Fundação ECARTA-Porto Alegre sobre vinhos da França com Jean Claude Cara, um franco-brasileiro. Falou sobre seu sonho- um vinho e a sua concretização com o lançamento do Éléphant safra 2008.  O final da palestra foi só sobre sua criação: um vinho feito á moda francesa no Vale dos Vinhedos nas instalações da Vinícola Larentis. Isto , acredito, aguçou a curiosidade e motivou a procura de exemplares por aqueles que gostam, não só de vinhos bons, mas de raridades. Vinhos feitos á mão, de garagem, como que sob medida para o apreciador exigente.

Achei-o em 2013, já da safra de 2011, na Vinho&Arte, na Mucio Teixeira, 107 em Porto Alegre a 45 reais.

Como no rótulo não existem informações sobre as castas que o compõem, vou partir verdadeiramente ás cegas para adivinhar. Tenho grande possibilidade de acertar no atacado, embora seja um vinho feito á moda francesa- assemblage, pois no Brasil só duas uvas tintas lideram, sejam blends sejam varietais: Cabernet Sauvignon e Merlot. De acordo com o site oficial do vinho, o da safra 2008, o primeiro, era composto por Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinotage. Vou confiar na minha sensibilidade. Este(2011) substitui a Pinotage pela Alicante Bouschet, de acordo com os Sites da Adega Vinho Clic e da Sonoma.

De cor rubi, mostra sua presença já nos aromas sutis de frutas vermelhas, groselhas, cerejas e framboesas. Algo de couro e tabaco, muito pouco,  revelando sua passagem por madeira.Mas é na boca que o Éléphant se mostra como um todo. Bem Bordeaux.

Frutado, cítrico, complexo, com fortes nuances de framboesas e groselhas, é um pouco picante, um quê diferente de eucalipto. Medianamente encorpado e elegante. Um pouco adstringente e agressivo por sua jovialidade. Degustei-o em duas oportunidades com 24 hs de diferença. Na segunda oportunidade, garrafa já aberta, o vinho se mostrou completamente diferente, evoluindo bastante na garrafa. Macio, sedoso, acolhedor, sem a agressividade do dia anterior. Um outro vinho que mereceria outro post. Surpresa extremamente agradável e prazerosa.

Continuou a se apresentar como um vinho complexo e bem estruturado. E com um frescor ímpar.

Um vinho de autor exigente para pessoas exigentes. Não é para muitos. Beba-o refrescado. Decante-o por no mínimo de duas horas. Pela minha experiência, 24 hs(muito tempo, mas compensa).

Esta é a minha opinião.
-a foto é da Confraria do Sagu-Santa Cruz do Sul-RS

terça-feira, 9 de abril de 2013

VINHOS PORTUGUESES EM PORTO ALEGRE?


VINHOS PORTUGUESES EM PORTO ALEGRE?

FlávioMPinto

Algo que sempre questiono é a falta de marketing e promoções na área do vinho no RS. Estado que concentra a imensa maioria das vinícolas brasileiras, maior consumo per capita do país(?), apresenta tímidas exposições sobre o tema a cada ano que passa.

Um consumo que não se reflete nas gôndolas de supermercados ou nas importadoras, onde a grande maioria dos estoques são de chilenos e argentinos, deixando o público consumidor com pouca e reduzida liberdade de escolha. Nos mercados do centro do país a variedade é imensa, colocando em cheque a posição do sul. Basta entrar em qualquer supermercado ou importadora no Rio de Janeiro para comprovar.

Portugal tem uma enorme afinidade com o RS, particularmente Porto Alegre, que foi fundada por 60 casais açorianos.

Na minha avaliação, os vinhos portugueses se caracterizam por dois aspectos básicos: preços e qualidade, resultando num fenomenal conjunto de custo-benefício. Aliada a isso a fantástica produção vinícola portuguesa, uma das três maiores do planeta.

Agregada á qualidade, junta-se a diversidade de uvas autóctones que faz do mercado luso um único com mais de 300 castas vinificadas e prestigiadas.

Consta que Portugal envia quase 20% da sua produção para o Brasil. Mas para onde vai esse vinho? Quem e onde o consomem? Porque não os encontramos na cidade com mais afinidade com Portugal? Aqui preponderam chilenos e argentinos. Reinam por absoluta vitória no preço do produto. Mas também queremos qualidade. Uma relação de custo-benefício adequada. A reduzida oferta de vinhos portugueses não tem explicação lógica ante a história de Porto Alegre.

O que se esconde por detrás disso?