CHÂTEAU FONRAZADE SAINT EMILLION GRAN CRU 2003- um Gran Cru
salvo da morte
FlávioMPinto
O Château Fonrazade 2003 adquirido em Paris era o vinho mais
antigo da adega. Guardava-o para uma ocasião especial. Já estávamos em 2013 e a
ocasião surgiu: o dileto filho de Saint Emillion, um Gran Cru guardado no
capricho seria degustado. Desavisadamente o abri , enchi a taça e bebi. Não
esperei nada. Senti um gosto estranho e
vaticinei: estragado e logo o destinei á comida. Que destino cruel a um Gran
Cru! Mas tinha de ser assim para não jogá-lo fora. Me questionei muito em
relação ao modo de guardá-lo( a pequena adega fica ao lado do refrigerador
seria a culpada?) e imediatamente a afastei do local onde estava.
Três meses depois, agora, precisei de um vinho para colocar num salmão
com ervas finas e mel e o Fonrazade surgiu depois de hibernar na geladeira.
Antes, decidi dar uma “bicada”. Qual não foi a minha surpresa que o vinho
estava a mil maravilhas, o néctar dos deuses.
Frutado, com nuances fortes de morangos e cerejas, sem
rastros de madeira no aroma, denunciavam que o meu primeiro julgamento estava
absolutamente errado.
Na boca a surpresa aumentou transformando-se em imenso
prazer. Dos aromas , surgiram sabores de cerejas maduras ainda, framboesas,
cassis e nada alcoólico. Cálido, acolhedor, convidativo, macio, sedoso,
faltaram adjetivos para o Fonrazade. Afinal, era um Gran Cru mostrando serviço.
Apenas as borras denunciavam sua idade.
Um vinho extremamente elegante e aristocrático ressurgia das
cinzas. O meu erro, quase fatal, foi não ter procedido a decantação. Um erro
básico, e inacreditável, em se tratando de um vinho antigo.
Mesmo um tinto, o Fonrazade combinou maravilhosamente com o
salmão. Eu mesmo não levava muita fé na “maridage”, mas mais uma vez fui
surpreendido e aprendi que não se deve desprezar um Gran Cru. Ainda mais um
Saint Emillion.
Quem disse que salmão só combina com brancos?
Ouse, invente e se surpreenda.
Esta é a minha opinião.
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