quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O JULGAMENTO DE PARIS E O ESPUMANTE DA FRONTEIRA

O JULGAMENTO DE PARIS E O ESPUMANTE DA FRONTEIRA
FlávioMPinto
O Julgamento de Paris foi considerado o embate, na realidade, uma degustação ás cegas, envolvendo vinhos franceses e californianos em 1976.
O crescimento da indústria vitivinicola da California nos anos 70 chamou a atenção de um importante crítico e dono de um ponto de venda-a Academie Du Vin- em Paris.
Fez uma viagem exploradora para conhecer o terroir, as vinícolas e seus vitinicultores e , é óbvio, os vinhos californianos. Era um inglês que morava na França-Paris e desconhecia a realidade daqueles produtores que já incomodavam a França em alguns mercados. Sua formação era exclusivamente no mercado dominado pela cultura francesa do vinho e não aceitava outras intromissões. Vivia o mundo do vinho francês intensamente.
Acreditava que só os franceses tivessem o vinho como paixão e descobriu na América , na Califórnia, amantes do vinho do mesmo nível dos franceses. Apenas o tempo os diferenciava. Não a paixão e a dedicação. Como era o ano do bicentenário da independência americana, decidiu fazer uma competição entre os vinhos californianos escolhidos por ele dentre os melhores e seus preferidos franceses. Seria uma degustação ás cegas em Paris com degustadores franceses.
Pois bem, os californianos ganharam o primeiro lugar nas três categorias: tintos, brancos e rosés, para incredulidade dos tradicionais franceses.
Um fato semelhante ocorreu , e está ocorrendo agora no Brasil. Os vinhos e espumantes da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, a região da campanha gaúcha, estão se destacando no cenário nacional simplesmente porque o terroir é melhor  e mais adequado para o plantio e cultivo de vitisviníferas, originando vinhos melhores e mais finos. Os enólogos da fronteira não precisam se esforçar nem fazer mágicas  para produzir um vinho de qualidade, pois tem um excelente terroir de suporte.
Tanto os tintos como os brancos e espumantes estão se destacando no cenário nacional e internacional com uma produção que chegará nos calcanhares dos produtores da Serra gaúcha num prazo não muito longo. O fator principal é a qualidade dos vinhos do Pampa.
É só uma questão de tempo para as vinícolas da Campanha assumirem os primeiros lugares da produção nacional de vinhos finos. A Serra ficará com as uvas para sucos, como foi bem dito por um alto dirigente da Vinícola Salton, que já está investindo barbaramente em Livramento.
A última mostra de espumante do Brasil-2015- realizada na Serra gaúcha teve como destaque, o primeiro dos melhores, dos cinco premiados com a medalha máxima, um espumante  Brut da Vinícola Nova Aliança de Livramento. Foi vinificado na Serra, mas a matéria prima era do terroir do Cerro da Cruz/Palomas  em Livramento, evidenciando a vocação daquela região para uvas brancas concorrendo diretamente com os espumantes da Serra.
O terroir da Serra gaúcha, Garibaldi, nunca havia sido confrontado com outro terroir , pois era considerado,  pelo mundo vitivinícola brasileiro, como a casa do espumante nacional.Era incontestável. Ali a Chardonnay reina.
Mas parece que a uva francesa se aquerenciou e recebeu afagos na fronteira oeste do RS, ganhou novo lar  e está gerando espumantes muito distintos, basta lembrar o sucesso dos produzidos pela Campos de Cima de Itaqui e os da Guatambu de Dom Pedrito.
Isso é apenas o início e o futuro está logo ali, pois o cenário da região da Campanha já é outro com os vinhedos.
 foto- videiras da Campos de Cima em Itaqui

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