segunda-feira, 31 de outubro de 2011

AS DUAS GARRAFAS DE VINHO

AS DUAS GARRAFAS DE VINHO
FlávioMPinto
Sempre, quando compro vinhos, tenho o costume de comprar duas garrafas de um mesmo. É que um eu degusto e outro eu bebo. Explico.
Um degusto buscando, com a técnica de degustação,  o que o vinho tem de bom e de melhor e o de pior, caso seja. Analisando-o parcimoniosamente. Ás vezes fico tomando o mesmo vinho por 3, 4 dias até formar uma opinião. Curta, porém a minha opinião.
O outro, eu bebo sem me preocupar com as técnicas de degustação, me colocando no lugar de um bebedor comum. Aquele cidadão que pouco conhece de vinhos e busca na taça( cálice ou copo) o seu prazer, e que eventualmente segue orientações para comprar seu vinho. Ou não.
O vinho nos deve surpreender a cada gole, posto que não existe um vinho igual a outro. No entanto, quem se obriga de tempos em tempos a colocar sua opinião sobre produtos tem de tomar certos cuidados.
Degustar sem se preocupar é uma coisa, e com missão é outra bem diferente.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

MONTE PASCHOAL PINOT NOIR 2008

MONTE PASCHOAL PINOT NOIR 2008
FlávioMPinto
Eu vivo dizendo que as pequenas vinícolas sempre nos apresentam surpresas. E das boas.
Pois não é que a Vinícola Irmãos Basso, de Farroupilha,  conseguiu domar a Pinot Noir e fazer um raro vinho? A linha Monte Paschoal nos brinda com espumantes e varietais distintos, dentre eles o Pinot Noir.  A casta é de cultivo difícil requerendo total atenção e cuidados do vinicultor. Vem da Borgonha onde é cultivada em pequenos lotes. O Terroir do Romanée Conti é de apenas 2,3 hectares. Aí a Pinot Noir reina e estende seu reinado para o mundo do vinho.
Com garrafa padrão borgonha o Monte Paschoal Pinot Noir é frutado e tem uma cor púrpura mais clara e viva relembrando os melhores claretes. Mas é a carta de apresentação da cepa borgonhesa. Uma cor púrpura clara, transparente. Com poucos reflexos, também claros.
Na boca , traços de framboesa e amoras bem maduras e frescas e um pouco de defumados lembrando sua passagem por madeira. Leve passagem, mas marcante, deixando-o com sabor um pouco picante.
É um vinho leve e aveludado que desce redondamente. Um vinho essencialmente gastronômico, embora faça boa companhia  sem comida.  
Esta é a minha opinião.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

COMO É BOM BEBER UM VINHO BOM!

COMO É BOM BEBER UM VINHO BOM!
FlávioMPinto
Feriado, dia bom, mas com perspectiva de chuva, meio termo entre calor e frio, dia para ficar em casa. Um pão francês da Boulangerie Carina  Barlett, um queijo Dambo bem curtido de Rivera, uma garrafa de vinho tinto e lá estava eu pronto para iniciar a tarde.
Você já se imaginou se preparando para abrir e beber um Premiére Gran Cru Château  Margaux? Ou um Sauternes Pauillac? Ou mesmo um L’Hermitage de Côtes du Rhône?
Que tal um Château Haut-Bryon?
Que momento mágico combinará com tal?
Como preparar-se para tal momento? Sem dúvidas, no mínimo uma taça de cristal, não?
Um terno caprichado, um mordomo de luvas....uma música do Yanni no tocador de músicas e por aí vai. Uma preparação sobre o que se vai beber , principalmente um vinho importante, é algo muito salutar. Podemos dar um pulo na História, na Geografia e porque não na Filosofia? Boas maneiras, elegância, ih, já estamos longe.
Sempre digo que vinho rima com isso tudo. É a bebida dos deuses,  reis e rainhas mundo afora, historicamente.
É uma questão de classe.  A despeito das condições atmosféricas.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

ESPUMANTE .NERO BRUT 2010

ESPUMANTE .NERO BRUT 2010
FlávioMPinto
A Domno é uma empresa do Grupo Valduga dedicada exclusivamente a produção de espumantes de modo Charmat.  Criada em 2008 na capital dos espumantes brasileiros-Garibaldi, na Serra gaúcha.
Desde então seus produtos se destacam no mercado nacional e internacional por sua elevada qualidade. Premiadíssimos em todo canto.
Agora nos apresenta um espumante brut feito com uvas Chardonnay(60%), Pinot Noir (30%)e Riesling Itálico(10%), numa rara e acertada combinação. É o .Nero Brut(Ponto Nero).
Feito exclusivamente com uvas do Vale dos Vinhedos, que já se encaminha para uma DO definitiva, numa belíssima cor dourada com reflexos também esverdeados, transparente, um perlage fino e indescritível, nos remete a um ambiente descontraído e alegre, festivo. Os aromas desprendidos lembram frutas cítricas e flores brancas.
Na boca, o frescor dos aromas se transforma em sabores de morango, , abacaxi e uma segunda camada com rico sabor de melão e mel. Rodando a taça, mais aromas e sabores surgem com destaque para canela e maça verde e até laranjeira. Um espumante riquíssimo. Talvez daí surjam suas inúmeras premiações em safras anteriores.
Deixa ainda um retrogosto duradouro, envolvente  e magnífico.
Esta é a minha opinião.

ANTONIO DIAS TANNAT 2008

ANTONIO DIAS TANNAT 2008
FlávioMPinto
A Vinícola Antonio Dias, uma vinícola no melhor estilo de “vinícola de butique”, situada em Três Palmeiras-RS no Alto Uruguai, possui seus vinhedos montados com o que há de melhor em termos de plantio e tecnologia de manejo. Um vinhedo com apenas 5 hectares para brigar com qualidade com as gigantes do vinho. O solo é composto por uma cobertura pedregosa que mantém uma temperatura ideal para plantio e maturação das videiras, traduzindo, com esse solo, o plantio e a vinificação em vinhos de qualidade superior. No caso particular da Tannat são apenas 1,1 hectares. Uma produção muito restrita, pequena, selecionadíssima.
E nos brinda com esse Tannat diferenciado. Único.
De cor púrpura, forte, com reflexos violáceos.
Lágrimas abundantes e generosas mostrando os 14 % de teor alcoólico.
Apresenta aromas de frutas vermelhas maduras e até de chocolate. Na boca confirmam-se os aromas refletidos nos sabores de framboeza e chocolate  ornados por nuances de defumados informando que passou por barris de carvalho.
Girando a taça uma explosão de aromas e sabores inunda o ambiente e a boca, cativando.
Possue taninos bem domados e uma boa persistência com traços de violetas. Complexo, mas fácil de beber, sem maiores danos aos menos entendidos. 
Um vinho que não parece ser brasileiro.
Um belo Tannat. Esta é a minha opinião.

Circuito brasileiro de degustação- etapa Porto Alegre

Circuito brasileiro de degustação- etapa Porto Alegre
FlávioMPinto
Participamos ontem da etapa Porto Alegre do Circuito Brasileiro de Degustação  organizado pelo Instituto Brasileiro do Vinho- IBRAVIN e Vinhos do Brasil.
O evento foi realizado na Catedral Metropolitana, subsolo, das 16 até as 22 hs.
Constou de palestras e degustação. Foram duas palestras entremeadas por um painel sobre espumantes. Atividades muito bem conduzidas por experientes sommeliers que trouxeram conhecimentos importantes.
A primeira palestra foi sobre Raridades  dos vinhos brasileiros e a segunda sobre a Diversidade dos vinhos nacionais.
Hoje, 25,  a etapa será em São Paulo e 26 no Rio de Janeiro.
Tivemos a oportunidade de degustar e aprovar inúmeros vinhos produzidos pela 25 vinícolas presentes no evento. A se dizer que, cada uma,  com no mínimo 5 exemplares disponíveis para serem degustados. A maioria do RS  mais uma de SC-Pericó, uma de Pernambuco -Duccos e outra de Minas- Estrada Real. Uma gama imensa de espumantes , tintos, brancos e roses a nossa espera em gentil oferecimento. Uma mostra estratificada e  fidedigna do progresso inconteste da vitinicultura nacional.
Podemos apontar como destaques os brancos da Casa Venturini de Flores da Cunha- o Chardonay e o Sauvignon Blanc, o Pinot Noir Monte Paschoal da Vinícola Basso de Farroupilha, o Tannat da Antonio Dias de Três Palmeiras e o premiadíssimo espumante charmat  Nero Brut da Domno do Brasil de Garibaldi, que darei a minha opinião nos post a seguir.
Como acompanhamentos, fartas mesas com salgados, pães franceses, queijos, embutidos e doces de lamber os beiços.
Uma ótima tarde-noite proporcionada pela IBRAVIN.
8º Concurso Nacional de Vinhos Finos e destilados-Concours Mondial de Bruxelles-2011
FlávioMPinto
Aproxima-se a data de início de mais um concurso nacional de vinhos, agora em Livramento.
Fazendo parte como etapa Mundial do Concurso de Bruxelas, a mostra vai avaliar produtos de mais de duas centenas de amostras de vinícolas brasileiras.
A etapa brasileira se dará no período de 12 a 16 de novembro em Livramento, a mais nova fronteira vinícola mundial.
A cidade gaúcha será o centro do mundo da vitivinicultura nestes dias de Bacco. Pela importância do evento já se pode notar o enfoque de destaque  do pólo vitivinicultor santanense no mercado nacional e até internacional.
A organização é da revista Vinho Magazine.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

CASA VENTURINI CHARDONAY 2010

CASA VENTURINI CHARDONAY 2010
FlávioMPinto
Que Livramento já é um pólo quase consolidado de produção de vinhos brancos na Campanha Gaúcha é um fato incontestável. Mais ainda quando vinícolas da Serra se transferem de armas e bagagens para a fronteira para produzir seus vinhos. É o terroir santanense dando ares de AOC francesa. De fato, o clima e solo fronteiriço são considerados  expoentes  na área vinícola.
Essa produção ganha mais um capítulo quando a Casa Venturini de Flores da Cunha elegeu as terras de Livramento como fornecedora da matéria prima para seus vinhos brancos. A Casa Venturini, como muitas vinícolas de origem italiana, carrega o vinho no sangue. E num feliz casamento nos apresenta um belíssimo Chardonay 2010 com todas as características da nobre cepa francesa.
Premiadíssimo.
Amarelo com toques esverdeados, fino, transparente.
Um Chardonay pujante já no nariz com fortes aromas frutados de frutas cítricas.
Na boca revela-se como um todo: novamente o frutado identificado por nuances de pêssego, maça verde, abacaxi e até de mel se mostrando. Um festival de sabores. Ótimo equilíbrio de acidez redundando em um retrogosto inconfundível e agradável.
Um vinho complexo, mas fácil de beber, elegante, alegre e envolvente. Esta é a minha opinião.

domingo, 16 de outubro de 2011

CARMEN CARMENÉRE 2005

CARMEN CARMENÉRE 2005
FlávioMPinto
A uva Carmenére é a mais emblemática do Chile. Lá encontrou seu ambiente ideal, fugindo da filoxera européia.
A Viña Carmen, com vinhedos espalhados por todo o país, nos apresenta esse Carmenére oriundo do Vale Central. Á primeira vista trata-se de um varietal, no entanto é um assemblage de Carmenére (60%) e Cabernet Sauvignon (40%).   É maturado por seis meses em barricas de carvalho francês (50%) e americano (50%). Após ser engarrafado, ele envelhece por mais 4 meses nas garrafas, antes de ser comercializado O resultado não poderia se melhor. Um visual violáceo, profundo, brilhante e perfumado, nos conduz a um ambiente de seriedade. No nariz, fruto do estágio em barricas, nuances de tostados surgem logo. Depois especiarias e pimenta negra. Na boca, mostra-se fortemente encorpado, com notas de mentolados e violetas. Não parece ter os 13,5% de álcool, devido a suavidade dos taninos e ainda uma fermentação malolática muito bem feita. As principais características das duas uvas são ressaltadas, como a suavidade da Carmenére e os taninos densos da Cabernet.
Um vinho soberbo. Austero e elegante. Que reúne o que há de melhor de duas cepas. Esta é a minha opinião.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A RESPIRAÇÃO OU AERAÇÃO

A RESPIRAÇÃO OU AERAÇÃO
FlávioMPinto
A “respiração” ou aeração é um ato que impomos ao vinho para que ele, antes de ser consumido, se oxigene. Podemos usar um decanter ou desarrolhá-lo simplesmente.
Depois de tanto tempo engarrafado, os vapores do líquido entram em contato com o ar se oxigenando e dando outra feição ao nosso amigo vinho. Claro, isso é um ato mais presente nos tintos .
A decantação permite também que as borras que porventura estejam presentes se precipitem para o fundo e permaneçam no vaso decantador – o decanter- ao servir, e não na taça.
Mas a principal finalidade é a oxigenação ou aeração. Tem por objetivo deixar o líquido menos agressivo,  no caso dos colocados á venda e “não prontos” para consumo adequado,  não apresentando a característica acidez e adstringência na boca causando mal-estar e nos empurrando para um conceito de reprovação.
É sabido que o vinho evolui na garrafa, considerando que é um ser vivo. A fermentação continua e suas qualidades afloram. Muitos produtores aconselham a aeração/decantação.
Ele precisa ser libertado do jugo da rolha.
São as últimas reações químicas antes de ser ingerido.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

BARON PHILLIPPE DE ROTHSCHILD SAGA BORDEAUX ROUGE 2008

BARON PHILLIPPE DE ROTHSCHILD SAGA BORDEAUX  ROUGE  2008
FlávioMPinto
Mais um Bordeaux Rouge  do Domaines  Baron Phillippe de Rothschild na minha taça. Este pertence a Barons de Rothschild Collections e dirigido originalmente ao mercado francês. A Collection ainda possui outras séries: a Lègend, a Reserve e a Lafite. Esta dirigida ao mercado chinês, um dos maiores compradores. Adquiri-o em um freeshop em Rivera-Uruguai.
É um típico produto de Bordeaux com seu assemblage de Cabernet Franc, Merlot e Cabernet Sauvignon., com preponderância da Cabernet Sauvignon.
Cor rubi marcante com reflexos violáceos. Bordas e centro firmes. Lágrimas generosas. Aromas de cassis e couro.
A decantação obrigatória,de aproximadamente 1 a 1 h e meia num decanter,  até por recomendação do produtor no seu site, o deixa menos agressivo, pois possui taninos fortes e agressivos, já pronunciados nos aromas que saem após o desarrolhamento.
Na boca os sabores de frutas vermelhas-cerejas  e ameixas pretas afloram ressaltando o toque bordalês da margem esquerda do Garone e a passagem por barricas(9 meses).
É um vinho potente , alcoólico, complexo e com uma personalidade e caráter fortes muito característicos e definidos.
Após a decantação outra explosão de aromas e sabores nos espera com destaque para violetas.  
Muito cuidado ao tê-lo como acompanhamento numa refeição por causa da necessidade da respiração/decantação.
Um vinho soberbo.
Esta é a minha opinião.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

UMA COMPRA NO ESCURO

UMA COMPRA NO ESCURO
FlávioMPinto
Inegavelmente toda compra de um vinho é no escuro. Esperamos , sempre, que o produto nos surpreenda.
Não basta conhecermos o fabricante, a vinícola, o local, o terroir, o enólogo, o tipo de uva, se cada safra é diferente da outra. São as condições atmosféricas as “donas do pedaço”. Ditam as regras e não tem conversa. O enólogo fazedor de vinhos pode até melhorar, mas quem dá a batida é o tempo.
O que acontece é que conhecendo a vinícola, temos confiança no produto , mas é sempre com desconfiança  que desarrolhamos uma garrafa. Ainda mais em vinhos antigos. Os novos nem tanto. Há o receio de não estarem prontos e aí é outra conversa.
Os brancos, notadamente os brasileiros, devem ser bebidos jovens, o que facilita tudo; já os tintos.....huuum....podem nos causar surpresas.
E volta e meia somos surpreendidos por vinhos que não estavam no ponto e nos empurram á sua reprovação. Mas é uma reprovação temporária, posto que  êle  só estará no seu melhor  10, 15 anos depois. É aí, calmo, sereno e  tranqüilo, que deve ser degustado e não selvagem  e agressivo com acidez, taninos e álcool a toda prova, isto nos tintos, os mais consumidos.
Tudo nos leva á experiência e um sexto sentido-a Sensibilidade, para a escolha do vinho/uva/safra.
Nada que o conhecimento não nos indique o melhor caminho. Uma rota segura.
Conhecer um pouco do vinho que deseja beber é de bom alvitre.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A UVA CABERNET SAUVIGNON

A UVA CABERNET SAUVIGNON
FlávioMPinto
É a rainha das uvas tintas, a mais prestigiada, a mais aristocrática, a mais nobre. Mesmo assim, sem muita frescura,  adapta-se a qualquer terreno dando frutos adequadamente. Melhor ainda nos terroirs que a tratam bem, como em Bordeaux.
Consta que seu cultivo vem desde os povos fenícios, a mais de 6000 anos A.C., que a utilizavam para fazer vinhos para as tripulações marítimas. Amenizava o cansaço, acreditava-se.
Uma uva internacional dado o seu cultivo e sucesso nos mais diferentes países e terrenos agricultáveis. Os mais prestigiados vinhos do mundo são confeccionados com ela e que, agora,  também está presente nos Supertoscanos, um tipo de vinho moderno feito na Toscana- Itália, com suas uvas e grande sucesso atual, substituindo as uvas autóctones italianas no corte regional, como a Sangiovese.
Sem dúvidas , seu maior destaque é em Bordeaux, no corte bordalês, onde é a maior estrela mundial acompanhada da Merlot ou Cabernet Franc e Petit Verdot, produzindo os mais caros e elegantes vinhos do mercado.
Os  seus aromas e sabores podem  apresentar diversos matizes, que vão de pimentão a cerejas passando por menta, violetas, chocolate e eucalipto, dependendo de onde foi cultivada.
A complexidade de aromas e sabores é sua marca.
Não tratá-la como estrela na sua plenitude, desmerecendo sua capacidade e caráter aristocrático, é no mínimo fator de desconhecimento da variedade e do mundo dos vinhos.