ALMADÉN RESERVA ESPECIAL CABERNET SAUVIGNON 2005
FlávioMPinto
Um dos últimos grandes vinhos feito pela Almadén, ainda sob comando da Pernod Ricard.
Digo extinta, pois os grandes vinhos são passado distante para aquela indústria
vinícola que já foi ícone na vitivinicultura brasileira e que parece ter
esquecido de fazer grandes vinhos.
Ao destampar a garrafa, a rolha muito bem conservada, saíram
belíssimos aromas de framboesas maduras que inundaram a cozinha, já
prenunciando o que vem pela frente. Vamos deixá-lo decantando de hoje- 18 de
agosto, 21 hs, até amanhã.
Hoje, 19 de agosto de 2015-1200 horas, o Almadén Reserva
Especial Cabernet Sauvignon 2005 sai de sua clausura de mais de 10 anos e vai
para o consumo.
Cor violeta com halos também violáceos, não revela sua
idade. Lágrimas bem pronunciadas anunciando sua untuosidade. Já bem acalmado,
deixando para trás a agressividade da jovialidade, apresenta-se suave, sem
rugosidades e taninos quase que desapercebidos. Mentolado, já sem o resquício
da madeira, mostra-se a descoberto. Traços muito fortes de cassis, framboesas,
groselhas e balsâmicos.
Cálido, bem acolhedor.
O teor alcoólico de 12% se fez presente, deixando uma suave
marca.
Um vinho já caminhando para seu ocaso, mas que deixa sua
marca bem forte. É como aquelas senhoras bem conservadas que não querem revelar
suas idades.
Costumo degustar uma garrafa em quatro dias e este, a partir
do terceiro dia se mostrou completamente diferente. Pareceu ressuscitar. Um
frescor indefectível e um sabor de Cabernet bem jovem apareceram. Lágrimas
parcimoniosas surgiram e revigorou-se sua tanicidade com sabores de morangos e
cerejas maduras na boca. Incrivelmente um novo vinho surgiu. O mentolado
desapareceu. Um vinho magistral apareceu.
Uma elegância e um perfil aristocrático que estava escondido
e não revelado surgiu.Talvez eu não tenha feito uma boa aeração, não permitindo
que o vinho se oxigenasse como deveria. Com certeza foi isso.
O Almadén Reserva
Especial Cabernet Sauvignon 2005 agora se apresentava como um outro vinho
potente e estruturado. Mas uma pena, pois este produto não vem mais. Agora é só saudades.
Foi a maior prova de que podiam ser feitos vinhos de exceção
na fronteira gaúcha.
É a prova de que podem ser feitos vinhos de qualidade
indiscutível com a matéria prima que se tem ás mãos: os espetaculares e antigos
vinhedos de Cabernet Sauvignon de Palomas/Livramento.
Vinhos baratos e de saída rápida não trazem nem agregam
tradição e qualidade á cultura vitivinícola e aspectos essenciais ao vinho.
A vitivinicultura
sobrevive com grandes produtos e tradição, aristocracia, cultura.
Esta é a minha opinião.
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