quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

MOUTON CADET RÉSERVE SAUTERNES 2006


MOUTON CADET RÉSERVE SAUTERNES 2006
FlávioMPinto
“ Como se bebe este vinho? De joelhos e agradecendo a Deus ter saúde física, financeira e o principal, saber o que está na tua frente.”( Peter  Wolffenbutel– da Enoteca Comte Freire-Porto Alegre-RS)
Antes de mais nada vale lembrar que esse vinho é um Milèsime. Oriundo de uma das melhores safras do Médoc. O produtor mais famoso-Baron Phillippe de Rothschild, do melhor terroir do Médoc-Pauillac, da melhor Appelation-AOC Sauternes. Uma verdadeira jóia ao alcance do nosso paladar.
Um assemblage de Semillion(80%),  Sauvignon Blanc(15%), Muscadelle(5%) , modificadas pela ação do Botrytis Cinerea- a podridão nobre da legendária AOC Sauternes .
Eu já não via a hora de beber uma taça do famoso Sauternes. Ainda mais um Pauillac. Só a cor dourada já seduz o mais desinteressado.
Teria eu cacife para prová-lo e emitir um juízo de um ícone desses? Sinceramente não. Mas me atrevi a escrever umas linhas sobre o Mouton Cadet de Sauternes.
Um vinho a ser encarado em várias etapas, sendo a primeira, claro, a sua cor e brilho dourados que já seduz. A seguir vamos aos aromas. E que aromas saem nas primeiras fragrâncias: florais, de cítricos com destaque para limão e peras, revelando a presença da  Sauvignon Blanc e da Semillon, com auxilio prestimoso da Muscadelle, uva desconhecida no Brasil. Um festival extremamente agradável para o nariz.
Por fim, a boca. Quanta surpresa ainda nos reserva o Sauternes. Expressa todo o terroir diferenciado de Pauillac. Uma terra magnífica que nos brinda com tintos fabulosos e agora esse doce  Reserve Baron Phillippe de Rotschild com toda sua majestade botritizada pela nobre podridão bordalesa.
De fato, é um vinho para se beber ajoelhado, sentindo-se os sabores de marmelada, doces em compota, tudo amalgamado por uma aura de mel e menta, dando-lhe uma sabor expressivo e único.  A incrível complexidade doce do Sauternes nos deixa atônitos, que apresenta também um frescor e jovialidade dignos dos melhores e jovens esfuziantes brancos. Alegre, delicado, elegante e complexo talvez faltem adjetivos para o Mouton Cadet Reserve Sauternes Baron Phillippe de Rotschild.
Um branco doce completo. Digno de sua fama que ainda nos deixa saudades num final longo, prolongado, e muito saboroso.
Um vinho que vale cada centavo de prazer. Esta é a minha opinião.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

SANTA COLINA ESTILO CABERNET SAUVIGNON 2007


SANTA COLINA ESTILO CABERNET SAUVIGNON 2007
FlávioMPinto
Um vinho honesto. Essa é minha conclusão sobre o Santa Colina Cabernet Sauvignon 2007. Um vinho simples, objetivo e que dá plena satisfação a quem deseja degustar um produto satisfatório de uma uva nobre.
De cor típica da uva, forte, violácea e uniforme. Achei-o pouco frutado, dilema que se esvaneceu na boca com sabores agradáveis de cerejas, frutas vermelhas maduras, deixando um retrogosto marcante  e duradouro com toques de violetas. Um bom vinho, gostoso.
Um bom representante do rei das uvas tintas. O seu teor alcoólico não parece ser de 13,5%, aparenta menos. Um leve toque de madeira lembra uma curta passagem por barricas de carvalho, com certeza. Taninos macios permitem tratá-lo como um vinho leve, médio encorpado, ótimo acompanhamento e excelente custo-benefício.
Um vinho que vale mais do que representa.

domingo, 4 de dezembro de 2011

AS PEQUENAS VINÍCOLAS

AS PEQUENAS VINÍCOLAS
FlávioMPinto
Não é segredo que os melhores perfumes estão nos menores potes , nos minúsculos frascos.
Assim,  esse fenômeno também se repete nos vinhos, mas não nos menores frascos e sim como produto das pequenas propriedades.
Você sabia que o terroir do Romanée Conti é , lá na Borgonha, de apenas 2,3 hectares? É , uma pequenina partícula do terreno borgonhês produz um dos mais caros e cultuados vinhos da história contemporânea. E que no Rhône, na AOC Côtes du Rhône,  são pouco mais de 3200 hectares distribuídos por mais de 1000 vinicultores?
Não só os pequenos agricultores franceses como os italianos e portugueses produzem verdadeiras jóias do paladar enogastronômico.
Talvez, só no Brasil, existam vinícolas com áreas enormes, como a da Almadén/Miolo em Livramento( recentemente adquirida) de 1200 hectares.
Os pequenos vignerons franceses e italianos são donos de terrenos valiosíssimos, os terroirs que produzem as jóias da vitivinicultura. Vinhos cults, preciosos, longevos. Tintos, brancos e rosés feitos com a maior  dedicação e zelo.
Aqui no Brasil, andam fazendo verdadeiros estragos no mercado as vinícolas boutique: pequenas vinícolas, muitas familiares, que com muita tecnologia produzem quase que artesanalmente verdadeiras obras primas. Lutam com as grandes não na quantidade, mas naquilo que é primordial na cultura do vinho: a qualidade. Aliás, em tudo ela é primordial.
Antonio Dias, Casa Venturini, Campos de Cima, Almaúnica, Vinícola Pedrucci, Rio Velho, Vinhas da Lagoa, dentre muitas, exemplos dessas pequenas vinícolas familiares, talvez tenham achado o tamanho ideal para exploração da vinha com excelência no produto.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O PAPA QUE VIROU GRIFE DE VINHOS

O PAPA QUE VIROU GRIFE DE VINHOS
FlavioMPinto

Felipe IV, o Belo(1268-1314),  rei da França(1285-1314), desejava mais do que o poder absoluto, tal qual uma personagem política brasileira atual que tão bem conhecemos. Não admitia ser contrariado e cercou-se de fiéis seguidores. Um deles era Guilherme de Nogaret, seu guarda selos, equivalente hoje ao ministro da Justiça. Para o poder absoluto, gastavam o que não podiam e ficaram devedores dos banqueiros lombardos, depois dos judeus e por fim, dos Templários. Eram propriedades e dinheiro o que deviam. Contra os banqueiros agiram ferozmente atacando-os com as mais diversas calúnias e confiscando seus bens com impostos sobre o clero. Expulsaram-os da França e, por conseguinte, consideraram suas dívidas pagas. Já com os Templários a coisa seria diferente. Estes deviam obediência somente ao Papa e Felipe vislumbrou, e conseguiu, colocar um nome seu no Vaticano: Bertran de Got, arcebispo de Avignon, que assume como Papa Clemente V, e transferindo a sede da Igreja do Vaticano para Avignon.

E assim, o arcebispo de Avignon, Bertran de Got, numa troca de favores com o rei, chegou ao papado como Clemente V e iniciou junto com Nogaret, guarda-selos do rei, o equivalente a ministro da Justiça, uma implacável perseguição áqueles seus credores.
No dia 12 para 13 de outubro de 1307, as propriedade dos Templários na França foram invadidas por soldados do rei e seus integrantes levados a julgamento com toda sorte crimes forjados por Nogaret. Esse processo inquisitório durou anos e culminou com milhares de templários mortos e a morte na fogueira de seu Grão –Mestre Jacques de Molay em 18 de março de 1314.O Papa relutava em condenar os Templários e, num golpe de mão, seguidores de Felipe seqüestram De Molay da prisão onde aguardava sentença e o queimam na fogueira por ordem do rei.(Brasil Templário)

A sul de Avignon, mais especificamente entre essa cidade e Orange,  começava a ser erigido um castelo para o novo Papa, o Châteauneuf-du-pape. Ele não chega a ser ocupado pelo pontífice que morre no mesmo ano da morte de De Molay.
Hoje, Châteauneuf-du-pape é uma região vinícola demarcada no Sul da França, uma AOC- Apellation de Origen Controlée- da mais alta qualidade e aceitação. É a maior grife de vinhos francesa. Abrange uma área em torno de 3200 hectares de vinhedos e integra a AOC Côtes du Rhone como um vinho regional, mas com vida própria, tal sua projeção no mercado. O vinho Châteauneuf é composto basicamente por um mix de três vitiviníferas- Mourvédre, Grenache e Cinsault e mais outras dez, perfazendo treze as admitidas. Ultimamente destaca-se na mistura, além das citadas, a Syrah.
Da tentativa frustrada de referência para a Igreja Católica passou a referência no mundo dos vinhos.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

UM VERÃO DE POUCA CHUVA

UM VERÃO DE POUCA CHUVA
FlávioMPinto
Lendo as previsões atmosféricas para o RS nos jornais, constato que, este final de ano 2011 e início de 2012, é o que os vignerons pediram a Deus. Um verão extremamente seco, mais do que nos últimos anos, irá proporcionar uma concentração maior de açúcar nos cachos de uvas dando-lhes um belo início de safra/ colheita e vinhos fantásticos daqui a uns anos.
Os entendidos prevêem que esta safra será melhor do que a de 2005, marcada por fatores atmosféricos que resultaram em uma safra abundante e maravilhosa. Tivemos um inverno mais chuvoso e úmido e verão mais seco se aproximando.
Particularmente a Metade Sul será a região mais beneficiada e nela, os seus vinhedos da região da Campanha, como indicam os mapas pluviométricos. Se já tínhamos vinhos com qualidade crescente, agora essa tendência será marcante. Poderemos até ter Milésimes para o gáudio de bebedores e regojizo dos produtores.  E vice-versa.
Tanto tintos como brancos e rosés serão beneficiados. Todos. Só imagino como serão as safras de brancos e espumantes, que devem ser bebidos jovens. Belíssimos.
Um ótimo presente da natureza áqueles que se dedicam a produção do líquido de Baco.

domingo, 27 de novembro de 2011

TANINOS

TANINOS
FlávioMPinto
Um experiente provador de vinhos taxou uma de suas provas como tendo “taninos maduros”.
Mas o que são taninos e o que é ser maduro? Difícil para os mortais, mas procuraremos desmistificar esse bicho, o tanino, um dos mistérios do vinho.
Identificá-lo não é difícil, embora os poucos sensíveis não percebam: sua existência se mostra por aquela sensação de trincar os dentes e gosto de maça verde. O vinho parece que desce rasgando, áspero, seca a boca.
O maior ícone tânico é o vinho Tannat, daí taninos!
Ele está nas cascas da uva, particularmente das tintas, não se encontrando nas brancas. Melhor dizendo, muito pouco encontrado nas brancas, quase nada. Quanto mais grossa a casca da uva tinta, mais tânica é.
Encontrou( o vinho Tannat) seu melhor momento no Uruguai, mas é originário de Madiran,  sul da França.
Carrega consigo o legado de ser possuidor da maior quantidade de resveratrol dentre os vinhos. Resveratrol é um composto muito útil na prevenção de problemas cardíacos. A intensa procura por vinhos de uva Tannat, acredito, seja por esse motivo. E aí reside a importância dos taninos.
Na boca identifica-se, como já vimos, pela sensação de adstringência, a tal de maça verde. E  são classificados de verdes a maduros. Quanto mais verdes mais adstringente é o vinho. Quanto mais maduros, mais redondo desce, mais macio, aveludado.
Nos contrapomos á adstringência dos taninos com alimentos gordurosos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

VINHOS BIOLÓGICOS/ORGÂNICOS

VINHOS BIOLÓGICOS/ORGÂNICOS
FlávioMPinto
Cresce no mercado mundial de vinhos a procura por vinhos biológicos.
Mas que vinhos são esses?
Eles provêem da agricultura biológica ou orgânica. A terra e todas as outras variáveis do cultivo são manipuladas de modo ecológico, favorecendo um modo de produção autossustentável, beneficiando a vinha, a fauna e a flora do local, garantindo ótima saúde ambiental para todo ecossistema. Tudo em detrimento dos métodos artificiais e químicos de controle de pragas, fertilização e manipulação do solo. As vinhas, por se tratarem com métodos biológicos, são mais resistentes a pragas.
O processo se estende á vinificação, onde também não são empregados meios artificiais para o beneficiamento do produto.
Os vinhos biológicos ou orgânicos não são submetidos a clareamento nem passam por armazenamento em barricas de carvalho, apresentando aromas e sabores totais e verdadeiros da casta vinificada. No caso dos tintos, são mais negros, quase  impenetráveis na sua cor e chegam a tingir a taça pelo caráter de suas matizes.
Não são tão potentes quanto os que passam por madeira nem tânicos, mas possuem um caráter altamente diferenciado, com final de boca cálido.
Desde a década de 1990, a agricultura orgânica aplicada aos vinhedos prospera na Itália e França com uma quantidade crescente de produtores. No Brasil, ainda não é visível a produção de vinhos orgânicos, embora já exista  no comércio/mercado.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

CRETACCIO NEGROAMARO PUGLIA IGT 2008

CRETACCIO NEGROAMARO PUGLIA IGT 2008
FlávioMPinto
Negroamaro é nada mais do que a repetição de negro em dois idiomas-negro/niger em latim e maru em grego antigo. É a principal casta da Puglia, o Tendão de Aquiles das terras italianas.
Normalmente usada para firmar a cor de outras uvas em assemblages. Muito raramente é utilizada só, em varietais.
Este Cretaccio Negroamaro 2008 é uma raridade, portanto. Vem de Salento, na Puglia, berço da Negroamaro. Além de tudo é oriundo da agricultura biológica, orgânico. Um vinho escuro, forte tonalidade púrpura, pouco transparente, impenetrável. Aromático, nos apresenta um show de  perfumes. Até traços de cedro e maracujá aparecem.
Chegando a tingir a taça, lágrimas modorrentas descem e nos encantam, nos revelando um vinho sedoso. Na boca, mostra-se muito encorpado . Um vinho muito gostoso e atraente de sabores distintos, destacando-se ameixas maduras e framboesas. Sua adstringência revela  taninos potentes e bem pronunciados, deixando marcas de uma breve passagem por barricas de carvalho.
De um final cálido e duradouro. Beba-o refrescado. Um vinho muito bom. Esta é a minha opinião

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O VINHO QUE SE CHAMA PELO NOME

O VINHO QUE SE CHAMA PELO NOME
FlávioMPinto
Quando você vai a um local e pede um vinho, como você se refere?
- Por favor, eu quero( ou me sirva, traga-me,  quero comprar) um vinho tinto/branco/ rosé.
Nos países de tradição, simplesmente nomeia-se o vinho.
- Veja-me um Margaux( um Bordeaux ou um Graves ou um Sauternes ).
O vinho é uma figura única. Cada um é cada um e se faz diferente a cada garrafa. E chamá-lo pelo nome é mais uma indicação e reconhecimento de sua absoluta individualidade.
No Brasil, poucos são os locais em que pode se chamar o vinho pelo nome, talvez até nenhum. Até porque, não temos o que a Europa oferece, particularmente tradição. Os vinhateiros nacionais não produzem somente um  tipo de vinho nas suas caves e as regiões ainda não dispõem de um vinho característico. Não teríamos como pedir, por exemplo, um Caxias...um Pinto Bandeira.... Já quem pede um Charlemagne, obviamente receberá um Chardonay da Borgonha. Um vinho claramente identificado com o lugar onde é plantada a uva no qual é  produzido.
Ainda temos um longo caminho a andar, caminho de educação vinícola em todos os níveis. Aliás, o nosso país carece de educação geral e não só nessa área, e pelo andar da carruagem estamos longe.
Mas ainda chegaremos ao ponto de chamar o vinho pelo nome, com toda cadeia produtiva altamente prestigiada e zelosa por seu produto.
Um povo pouco exigente consome produtos de baixa qualidade. Bebedor ruim leva a vinhos ruins, que não evoluem por falta absoluta de exigência no consumo. Apenas alguns bolsões de alto consumo existem e persistem no gosto de alguns abnegados.
No entanto, a qualidade dos vinhos brasileiros sobe em velocidade geométrica e num curto espaço de tempo teremos vinhos em nível internacional. Os espumantes já chegaram lá.
Agora é exigirmos cada vez mais para aumentar a qualidade dos demais em futuras áreas demarcadas.
Não chegaremos a dualidade do pão & vinho como parte da cultura como é na França, mas, um dia,  sem dúvidas, esse patamar será atingido.
Um dia, ainda, chamaremos o vinho por seu nome.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

VINHAS DA LAGOA CABERNET SAUVIGNON 2007

VINHAS DA LAGOA CABERNET SAUVIGNON 2007
FlávioMPinto
Sempre falo que a cada dia surgem novas vinícolas no Rio Grande e nos surpreendendo com seus vinhos. E terras novas descobertas e novos terroirs vão surgindo e mostrando o valor da terra gaúcha, agora fora da área  tradicional Serra, para a vitivinicultura.
Sérgio Veloso Ferreira, produtor de arroz em Tapes-RS, numa propriedade á beira da Lagoa dos Patos, ante a inconstância do arroz, decidiu procurar outros produtos de maior valor agregado. E aí surge o vinho. Não tinham qualquer experiência fora a cultura do arroz. Começaram literalmente do Zero. Nem acreditavam que a terra fosse produzir uvas. E a partir de 26 de dezembro de 2000, com as primeiras mudas, foram em busca do seu sonho. Tudo novo desde a experiência dos enólogos na área. E conseguiram: surge na beira da Lagoa dos Patos, em Tapes, na Fazenda Santana, o mais novo terroir gaúcho, produzindo vinhos que parecem já haver nascido ali.
Produzem, por enquanto, um Rosé feito de Merlot e Cabernet Sauvignon, fruto de reduzido contato das cascas com o mosto, belíssimo, um Cabernet Sauvignon e um Merlot, ambos muito distintos e um Tannat, ainda sem rótulo e não lançado no mercado, que nem parece ser vinho brasileiro e sim um orgânico francês do Languedoc  feito de Grenache Noir e Carignan, o Zoé, postado logo abaixo.
 Mais uma vez se comprova o caráter internacional das uvas produzidas.
Mas vamos nos ater ao Cabernet Sauvignon. Com um rótulo simples e objetivo, se apresenta. De cor rubi, forte, escuro, já se mostra um produto diferente. Na vinificação, o vinhateiro optou por não fazê-lo passar por barricas de carvalho nem chaptalizá-lo. As poucas lágrimas revelam seu baixo teor alcoólico-10,7%. De taninos suaves, não é agressivo e por ser pouco aromático, o resultado é um vinho que apresenta os mais puros aromas , cores e sabores da casta.
Um vinho robusto, embora pouco potente. Esta é a minha opinião.
Um vinho que já faz história.
Chaptalização é a prática que consiste na correção da deficiência de açúcar da uva com sacarose, sendo difundida por Jean Antoine Chaptal (1756-1832). Além de favorecer o equilíbrio do vinho através da elevação do grau alcoólico, a chaptalização também contribui na extração dos compostos fenólicos e aromáticos durante a maceração da uva (CHAPTAL, 1981).
Uma vista dos vinhedos da Vinhas da Lagoa-Tapes-RS

terça-feira, 15 de novembro de 2011

ZOÉ PARCÉS FRÈRES 2009

ZOÉ PARCÉS FRÈRES 2009
FlávioMPinto
Fugindo das tradicionais Cabernet e Merlot, adquiri-o em Paris, e não tenho a esperança de encontrá-lo no Brasil.
Feito por um grupo de négocians & vignerons que combatem os puritanos, higienistas e proibidores que existem na França hoje, agem em nome da dualidade do pão e vinho como parte da cultura francesa, assim como o amor á vida. En grec ZOI qui veut diré également Ève ” la Vivante” ,  mére de L’humanité. Um tipo de vinho que passa longe do mercado brasileiro.
Um legítimo filho da AOC Languedoc-Roussillon Village. Composto de Uvas Grenache Noir(55%), Carignan(35%) e Syrah(10%), é de um violeta escuro e firme. Pouco aromático no nariz, mas em boca, desabrocha em sabores de violetas e framboezas. Um vinho muito distinto com um caráter sui-generis. Afinal é do Languedoc. Suave, fácil de beber, mas muito marcante, deixando um retrogosto de quero mais. Pouco tânico e medianamente encorpado, não aparenta possuir 13,5% de teor alcoólico.
Um vinho leve para consumir com amigos. Esta é a minha opinião.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

CUNE CRIANZA 2005

CUNE CRIANZA 2005
FlávioMPinto
O Cune é um vinho produzido pela CVNE- Conpañia Vinicola Del Norte de España, que também produz o vinho preferido do rei da Espanha. No nosso caso é um tinto feito com as uvas Tempranillo, Garnacha(Grenache) e Mazuelo(Carignan francesa).
Degustei-o em Barcelona, no caso um Cune 2008, num restaurante no belo espaço gourmet do porto. Esperava não encontrá-lo no Brasil, mas a Da Vinci me proporcionou esse achado.
Um vinho bem espanhol da Rioja. De cor violácea,  já meio atijolada, e por ser 2005, já não apresenta um vigor que era esperado daquelas uvas, no entanto, dá mostras de ser um vinho diferenciado. Taninos moderados, boa acidez, boa fruta, algo apimentado, afinal representa as principais castas da Espanha e notadamente a Tempranillo da Rioja.
Muito bem demarcada sua passagem por carvalho-um ano- obrigatoria na qualidade de Crianza.
Medianamente encorpado deixa uma boa impressão.
Provavelmente safras mais recentes se apresentam em melhores condições. Esta é a minha opinião.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A VINÍCOLA BOUTIQUE

A VINÍCOLA BOUTIQUE
FlávioMPinto
O conceito de vinícola boutique é o mesmo do de roupas e acessórios , só que aplicado no setor vitivinícola.
São pequenas vinícolas especializadas em produção de grandes vinhos destinados a pessoas exigentes e entendedoras. São produtos competitivos pela qualidade. Marcas exclusivas, pequena produção, investimento em tecnologia, cuidados na produção. Locais exclusivíssimos com produtos especiais. Verdadeiras grifes. Vinhos exclusivos. Distintos. Não encontrados em todos os lugares.
É a busca da excelência em pequenas porções.
E como é sabido, são as pequenas vinícolas mundo afora que produzem os grandes vinhos.
A vinícola boutique vai nessa direção e a cada canto do Brasil surge uma com qualidade de produto indiscutível.
Talvez esse seja o caminho a buscar por aquelas vinícolas que não desejam qualidade a qualquer preço.
Uvas exclusivas, produção limitada, vinhos modernos e complexos. Para um público consumidor exigente.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

AS DUAS GARRAFAS DE VINHO

AS DUAS GARRAFAS DE VINHO
FlávioMPinto
Sempre, quando compro vinhos, tenho o costume de comprar duas garrafas de um mesmo. É que um eu degusto e outro eu bebo. Explico.
Um degusto buscando, com a técnica de degustação,  o que o vinho tem de bom e de melhor e o de pior, caso seja. Analisando-o parcimoniosamente. Ás vezes fico tomando o mesmo vinho por 3, 4 dias até formar uma opinião. Curta, porém a minha opinião.
O outro, eu bebo sem me preocupar com as técnicas de degustação, me colocando no lugar de um bebedor comum. Aquele cidadão que pouco conhece de vinhos e busca na taça( cálice ou copo) o seu prazer, e que eventualmente segue orientações para comprar seu vinho. Ou não.
O vinho nos deve surpreender a cada gole, posto que não existe um vinho igual a outro. No entanto, quem se obriga de tempos em tempos a colocar sua opinião sobre produtos tem de tomar certos cuidados.
Degustar sem se preocupar é uma coisa, e com missão é outra bem diferente.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

MONTE PASCHOAL PINOT NOIR 2008

MONTE PASCHOAL PINOT NOIR 2008
FlávioMPinto
Eu vivo dizendo que as pequenas vinícolas sempre nos apresentam surpresas. E das boas.
Pois não é que a Vinícola Irmãos Basso, de Farroupilha,  conseguiu domar a Pinot Noir e fazer um raro vinho? A linha Monte Paschoal nos brinda com espumantes e varietais distintos, dentre eles o Pinot Noir.  A casta é de cultivo difícil requerendo total atenção e cuidados do vinicultor. Vem da Borgonha onde é cultivada em pequenos lotes. O Terroir do Romanée Conti é de apenas 2,3 hectares. Aí a Pinot Noir reina e estende seu reinado para o mundo do vinho.
Com garrafa padrão borgonha o Monte Paschoal Pinot Noir é frutado e tem uma cor púrpura mais clara e viva relembrando os melhores claretes. Mas é a carta de apresentação da cepa borgonhesa. Uma cor púrpura clara, transparente. Com poucos reflexos, também claros.
Na boca , traços de framboesa e amoras bem maduras e frescas e um pouco de defumados lembrando sua passagem por madeira. Leve passagem, mas marcante, deixando-o com sabor um pouco picante.
É um vinho leve e aveludado que desce redondamente. Um vinho essencialmente gastronômico, embora faça boa companhia  sem comida.  
Esta é a minha opinião.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

COMO É BOM BEBER UM VINHO BOM!

COMO É BOM BEBER UM VINHO BOM!
FlávioMPinto
Feriado, dia bom, mas com perspectiva de chuva, meio termo entre calor e frio, dia para ficar em casa. Um pão francês da Boulangerie Carina  Barlett, um queijo Dambo bem curtido de Rivera, uma garrafa de vinho tinto e lá estava eu pronto para iniciar a tarde.
Você já se imaginou se preparando para abrir e beber um Premiére Gran Cru Château  Margaux? Ou um Sauternes Pauillac? Ou mesmo um L’Hermitage de Côtes du Rhône?
Que tal um Château Haut-Bryon?
Que momento mágico combinará com tal?
Como preparar-se para tal momento? Sem dúvidas, no mínimo uma taça de cristal, não?
Um terno caprichado, um mordomo de luvas....uma música do Yanni no tocador de músicas e por aí vai. Uma preparação sobre o que se vai beber , principalmente um vinho importante, é algo muito salutar. Podemos dar um pulo na História, na Geografia e porque não na Filosofia? Boas maneiras, elegância, ih, já estamos longe.
Sempre digo que vinho rima com isso tudo. É a bebida dos deuses,  reis e rainhas mundo afora, historicamente.
É uma questão de classe.  A despeito das condições atmosféricas.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

ESPUMANTE .NERO BRUT 2010

ESPUMANTE .NERO BRUT 2010
FlávioMPinto
A Domno é uma empresa do Grupo Valduga dedicada exclusivamente a produção de espumantes de modo Charmat.  Criada em 2008 na capital dos espumantes brasileiros-Garibaldi, na Serra gaúcha.
Desde então seus produtos se destacam no mercado nacional e internacional por sua elevada qualidade. Premiadíssimos em todo canto.
Agora nos apresenta um espumante brut feito com uvas Chardonnay(60%), Pinot Noir (30%)e Riesling Itálico(10%), numa rara e acertada combinação. É o .Nero Brut(Ponto Nero).
Feito exclusivamente com uvas do Vale dos Vinhedos, que já se encaminha para uma DO definitiva, numa belíssima cor dourada com reflexos também esverdeados, transparente, um perlage fino e indescritível, nos remete a um ambiente descontraído e alegre, festivo. Os aromas desprendidos lembram frutas cítricas e flores brancas.
Na boca, o frescor dos aromas se transforma em sabores de morango, , abacaxi e uma segunda camada com rico sabor de melão e mel. Rodando a taça, mais aromas e sabores surgem com destaque para canela e maça verde e até laranjeira. Um espumante riquíssimo. Talvez daí surjam suas inúmeras premiações em safras anteriores.
Deixa ainda um retrogosto duradouro, envolvente  e magnífico.
Esta é a minha opinião.

ANTONIO DIAS TANNAT 2008

ANTONIO DIAS TANNAT 2008
FlávioMPinto
A Vinícola Antonio Dias, uma vinícola no melhor estilo de “vinícola de butique”, situada em Três Palmeiras-RS no Alto Uruguai, possui seus vinhedos montados com o que há de melhor em termos de plantio e tecnologia de manejo. Um vinhedo com apenas 5 hectares para brigar com qualidade com as gigantes do vinho. O solo é composto por uma cobertura pedregosa que mantém uma temperatura ideal para plantio e maturação das videiras, traduzindo, com esse solo, o plantio e a vinificação em vinhos de qualidade superior. No caso particular da Tannat são apenas 1,1 hectares. Uma produção muito restrita, pequena, selecionadíssima.
E nos brinda com esse Tannat diferenciado. Único.
De cor púrpura, forte, com reflexos violáceos.
Lágrimas abundantes e generosas mostrando os 14 % de teor alcoólico.
Apresenta aromas de frutas vermelhas maduras e até de chocolate. Na boca confirmam-se os aromas refletidos nos sabores de framboeza e chocolate  ornados por nuances de defumados informando que passou por barris de carvalho.
Girando a taça uma explosão de aromas e sabores inunda o ambiente e a boca, cativando.
Possue taninos bem domados e uma boa persistência com traços de violetas. Complexo, mas fácil de beber, sem maiores danos aos menos entendidos. 
Um vinho que não parece ser brasileiro.
Um belo Tannat. Esta é a minha opinião.

Circuito brasileiro de degustação- etapa Porto Alegre

Circuito brasileiro de degustação- etapa Porto Alegre
FlávioMPinto
Participamos ontem da etapa Porto Alegre do Circuito Brasileiro de Degustação  organizado pelo Instituto Brasileiro do Vinho- IBRAVIN e Vinhos do Brasil.
O evento foi realizado na Catedral Metropolitana, subsolo, das 16 até as 22 hs.
Constou de palestras e degustação. Foram duas palestras entremeadas por um painel sobre espumantes. Atividades muito bem conduzidas por experientes sommeliers que trouxeram conhecimentos importantes.
A primeira palestra foi sobre Raridades  dos vinhos brasileiros e a segunda sobre a Diversidade dos vinhos nacionais.
Hoje, 25,  a etapa será em São Paulo e 26 no Rio de Janeiro.
Tivemos a oportunidade de degustar e aprovar inúmeros vinhos produzidos pela 25 vinícolas presentes no evento. A se dizer que, cada uma,  com no mínimo 5 exemplares disponíveis para serem degustados. A maioria do RS  mais uma de SC-Pericó, uma de Pernambuco -Duccos e outra de Minas- Estrada Real. Uma gama imensa de espumantes , tintos, brancos e roses a nossa espera em gentil oferecimento. Uma mostra estratificada e  fidedigna do progresso inconteste da vitinicultura nacional.
Podemos apontar como destaques os brancos da Casa Venturini de Flores da Cunha- o Chardonay e o Sauvignon Blanc, o Pinot Noir Monte Paschoal da Vinícola Basso de Farroupilha, o Tannat da Antonio Dias de Três Palmeiras e o premiadíssimo espumante charmat  Nero Brut da Domno do Brasil de Garibaldi, que darei a minha opinião nos post a seguir.
Como acompanhamentos, fartas mesas com salgados, pães franceses, queijos, embutidos e doces de lamber os beiços.
Uma ótima tarde-noite proporcionada pela IBRAVIN.
8º Concurso Nacional de Vinhos Finos e destilados-Concours Mondial de Bruxelles-2011
FlávioMPinto
Aproxima-se a data de início de mais um concurso nacional de vinhos, agora em Livramento.
Fazendo parte como etapa Mundial do Concurso de Bruxelas, a mostra vai avaliar produtos de mais de duas centenas de amostras de vinícolas brasileiras.
A etapa brasileira se dará no período de 12 a 16 de novembro em Livramento, a mais nova fronteira vinícola mundial.
A cidade gaúcha será o centro do mundo da vitivinicultura nestes dias de Bacco. Pela importância do evento já se pode notar o enfoque de destaque  do pólo vitivinicultor santanense no mercado nacional e até internacional.
A organização é da revista Vinho Magazine.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

CASA VENTURINI CHARDONAY 2010

CASA VENTURINI CHARDONAY 2010
FlávioMPinto
Que Livramento já é um pólo quase consolidado de produção de vinhos brancos na Campanha Gaúcha é um fato incontestável. Mais ainda quando vinícolas da Serra se transferem de armas e bagagens para a fronteira para produzir seus vinhos. É o terroir santanense dando ares de AOC francesa. De fato, o clima e solo fronteiriço são considerados  expoentes  na área vinícola.
Essa produção ganha mais um capítulo quando a Casa Venturini de Flores da Cunha elegeu as terras de Livramento como fornecedora da matéria prima para seus vinhos brancos. A Casa Venturini, como muitas vinícolas de origem italiana, carrega o vinho no sangue. E num feliz casamento nos apresenta um belíssimo Chardonay 2010 com todas as características da nobre cepa francesa.
Premiadíssimo.
Amarelo com toques esverdeados, fino, transparente.
Um Chardonay pujante já no nariz com fortes aromas frutados de frutas cítricas.
Na boca revela-se como um todo: novamente o frutado identificado por nuances de pêssego, maça verde, abacaxi e até de mel se mostrando. Um festival de sabores. Ótimo equilíbrio de acidez redundando em um retrogosto inconfundível e agradável.
Um vinho complexo, mas fácil de beber, elegante, alegre e envolvente. Esta é a minha opinião.

domingo, 16 de outubro de 2011

CARMEN CARMENÉRE 2005

CARMEN CARMENÉRE 2005
FlávioMPinto
A uva Carmenére é a mais emblemática do Chile. Lá encontrou seu ambiente ideal, fugindo da filoxera européia.
A Viña Carmen, com vinhedos espalhados por todo o país, nos apresenta esse Carmenére oriundo do Vale Central. Á primeira vista trata-se de um varietal, no entanto é um assemblage de Carmenére (60%) e Cabernet Sauvignon (40%).   É maturado por seis meses em barricas de carvalho francês (50%) e americano (50%). Após ser engarrafado, ele envelhece por mais 4 meses nas garrafas, antes de ser comercializado O resultado não poderia se melhor. Um visual violáceo, profundo, brilhante e perfumado, nos conduz a um ambiente de seriedade. No nariz, fruto do estágio em barricas, nuances de tostados surgem logo. Depois especiarias e pimenta negra. Na boca, mostra-se fortemente encorpado, com notas de mentolados e violetas. Não parece ter os 13,5% de álcool, devido a suavidade dos taninos e ainda uma fermentação malolática muito bem feita. As principais características das duas uvas são ressaltadas, como a suavidade da Carmenére e os taninos densos da Cabernet.
Um vinho soberbo. Austero e elegante. Que reúne o que há de melhor de duas cepas. Esta é a minha opinião.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A RESPIRAÇÃO OU AERAÇÃO

A RESPIRAÇÃO OU AERAÇÃO
FlávioMPinto
A “respiração” ou aeração é um ato que impomos ao vinho para que ele, antes de ser consumido, se oxigene. Podemos usar um decanter ou desarrolhá-lo simplesmente.
Depois de tanto tempo engarrafado, os vapores do líquido entram em contato com o ar se oxigenando e dando outra feição ao nosso amigo vinho. Claro, isso é um ato mais presente nos tintos .
A decantação permite também que as borras que porventura estejam presentes se precipitem para o fundo e permaneçam no vaso decantador – o decanter- ao servir, e não na taça.
Mas a principal finalidade é a oxigenação ou aeração. Tem por objetivo deixar o líquido menos agressivo,  no caso dos colocados á venda e “não prontos” para consumo adequado,  não apresentando a característica acidez e adstringência na boca causando mal-estar e nos empurrando para um conceito de reprovação.
É sabido que o vinho evolui na garrafa, considerando que é um ser vivo. A fermentação continua e suas qualidades afloram. Muitos produtores aconselham a aeração/decantação.
Ele precisa ser libertado do jugo da rolha.
São as últimas reações químicas antes de ser ingerido.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

BARON PHILLIPPE DE ROTHSCHILD SAGA BORDEAUX ROUGE 2008

BARON PHILLIPPE DE ROTHSCHILD SAGA BORDEAUX  ROUGE  2008
FlávioMPinto
Mais um Bordeaux Rouge  do Domaines  Baron Phillippe de Rothschild na minha taça. Este pertence a Barons de Rothschild Collections e dirigido originalmente ao mercado francês. A Collection ainda possui outras séries: a Lègend, a Reserve e a Lafite. Esta dirigida ao mercado chinês, um dos maiores compradores. Adquiri-o em um freeshop em Rivera-Uruguai.
É um típico produto de Bordeaux com seu assemblage de Cabernet Franc, Merlot e Cabernet Sauvignon., com preponderância da Cabernet Sauvignon.
Cor rubi marcante com reflexos violáceos. Bordas e centro firmes. Lágrimas generosas. Aromas de cassis e couro.
A decantação obrigatória,de aproximadamente 1 a 1 h e meia num decanter,  até por recomendação do produtor no seu site, o deixa menos agressivo, pois possui taninos fortes e agressivos, já pronunciados nos aromas que saem após o desarrolhamento.
Na boca os sabores de frutas vermelhas-cerejas  e ameixas pretas afloram ressaltando o toque bordalês da margem esquerda do Garone e a passagem por barricas(9 meses).
É um vinho potente , alcoólico, complexo e com uma personalidade e caráter fortes muito característicos e definidos.
Após a decantação outra explosão de aromas e sabores nos espera com destaque para violetas.  
Muito cuidado ao tê-lo como acompanhamento numa refeição por causa da necessidade da respiração/decantação.
Um vinho soberbo.
Esta é a minha opinião.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

UMA COMPRA NO ESCURO

UMA COMPRA NO ESCURO
FlávioMPinto
Inegavelmente toda compra de um vinho é no escuro. Esperamos , sempre, que o produto nos surpreenda.
Não basta conhecermos o fabricante, a vinícola, o local, o terroir, o enólogo, o tipo de uva, se cada safra é diferente da outra. São as condições atmosféricas as “donas do pedaço”. Ditam as regras e não tem conversa. O enólogo fazedor de vinhos pode até melhorar, mas quem dá a batida é o tempo.
O que acontece é que conhecendo a vinícola, temos confiança no produto , mas é sempre com desconfiança  que desarrolhamos uma garrafa. Ainda mais em vinhos antigos. Os novos nem tanto. Há o receio de não estarem prontos e aí é outra conversa.
Os brancos, notadamente os brasileiros, devem ser bebidos jovens, o que facilita tudo; já os tintos.....huuum....podem nos causar surpresas.
E volta e meia somos surpreendidos por vinhos que não estavam no ponto e nos empurram á sua reprovação. Mas é uma reprovação temporária, posto que  êle  só estará no seu melhor  10, 15 anos depois. É aí, calmo, sereno e  tranqüilo, que deve ser degustado e não selvagem  e agressivo com acidez, taninos e álcool a toda prova, isto nos tintos, os mais consumidos.
Tudo nos leva á experiência e um sexto sentido-a Sensibilidade, para a escolha do vinho/uva/safra.
Nada que o conhecimento não nos indique o melhor caminho. Uma rota segura.
Conhecer um pouco do vinho que deseja beber é de bom alvitre.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A UVA CABERNET SAUVIGNON

A UVA CABERNET SAUVIGNON
FlávioMPinto
É a rainha das uvas tintas, a mais prestigiada, a mais aristocrática, a mais nobre. Mesmo assim, sem muita frescura,  adapta-se a qualquer terreno dando frutos adequadamente. Melhor ainda nos terroirs que a tratam bem, como em Bordeaux.
Consta que seu cultivo vem desde os povos fenícios, a mais de 6000 anos A.C., que a utilizavam para fazer vinhos para as tripulações marítimas. Amenizava o cansaço, acreditava-se.
Uma uva internacional dado o seu cultivo e sucesso nos mais diferentes países e terrenos agricultáveis. Os mais prestigiados vinhos do mundo são confeccionados com ela e que, agora,  também está presente nos Supertoscanos, um tipo de vinho moderno feito na Toscana- Itália, com suas uvas e grande sucesso atual, substituindo as uvas autóctones italianas no corte regional, como a Sangiovese.
Sem dúvidas , seu maior destaque é em Bordeaux, no corte bordalês, onde é a maior estrela mundial acompanhada da Merlot ou Cabernet Franc e Petit Verdot, produzindo os mais caros e elegantes vinhos do mercado.
Os  seus aromas e sabores podem  apresentar diversos matizes, que vão de pimentão a cerejas passando por menta, violetas, chocolate e eucalipto, dependendo de onde foi cultivada.
A complexidade de aromas e sabores é sua marca.
Não tratá-la como estrela na sua plenitude, desmerecendo sua capacidade e caráter aristocrático, é no mínimo fator de desconhecimento da variedade e do mundo dos vinhos.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

ESPUMANTE BRUT CAMPOS DE CIMA

ESPUMANTE BRUT CAMPOS DE CIMA

FlávioMPinto

Daquela bela paisagem entremeando  videiras e rebanhos de ovelhas, a Campos de Cima, de Itaqui-RS, da Campanha Oriental, nos apresenta o seu espumante Brut.
Feito á moda Champenoise, com Chardonay e Pinot Noir, nos mostra um perlage fino, delicado e alegre. Uma cor amarelo esverdeada com reflexos dourados  é sua carta de apresentação. Enquanto a efervescência sobe na taça, vão se desprendendo aromas florais e cítricos como maça verde, depois sobejamente confirmados na boca.
Nela, os sabores cítricos se misturam ao de mel dando uma harmonia  e elegância ímpar ao espumante.
Destacamos sua jovialidade. Muito harmonioso e de retrogosto duradouro e agradável com um pouco de especiarias.
Um dos melhores espumantes produzidos por nossa vitivinicultura. Esta é a minha opinião.
 

A INDICAÇÃO DE UM VINHO

FlávioMPinto
Um dos maiores dilemas que enfrentamos é sobre a indicação de um vinho para alguém.
Puxa vida, quão diferentes são as pessoas e os vinhos seguem atrás.
Cada um combina com uma personalidade, e, por seu turno, harmonizam-se com a comida servida ou não.
Gostos, então....
É difícil, muito difícil acertar na primeira. Muita tentativa e erro se passa. Mas não tem outro jeito. É provar, provar, degustar e degustar.
O melhor vinho é aquele que nos apetece, nos dá prazer, nos surpreende, mas chegar até ali é que é o problema. Com a imensa quantidade de marcas á disposição no mercado com os mais diversos preços, fica difícil, para quem tem pouco conhecimento, escolher o vinho certo. Mesmo com o apoio de um sommelier.
Um caminho é o conhecimento. Mas conhecimento sem degustar não dá. Então é ir provando aqueles vinhos que seu bolso alcança e vamos lá.

sábado, 24 de setembro de 2011

RIO VELHO TANNAT 2010

RIO VELHO TANNAT 2010
FlávioMPinto
Como venho afirmando nos últimos tempos, a cada dia os vinhos da Campanha nos preparam uma surpresa. Agradáveis, por certo.
Agora surge o Rio Velho, um Tannat 2010 da Rio Velho Vitivinicultura de Rosário do Sul-RS. Localizada no Segundo Distrito daquela cidade, a pequena vinícola produz um vinho selvagem. Ôpa, selvagem, como assim? O Rio Velho Tannat é um vinho no seu estado mais puro: não passa por madeira nem é filtrado. Claro, tem seus inconvenientes, é pouco aromático e marca os dentes com mais facilidade.
A cor forte do Tannat já começa se impondo. Um vermelho violáceo forte desdobrando aromas também de violetas e de framboesas.
No entanto, na boca é que dá seu maior recado assim como na evolução na taça. Melhor dizendo,  na pouca evolução, preservando suas qualidades mesmo aberto a mais de 48 horas.
Mas aí está sua marca. Sua adstringência e o teor alcoólico de 13 a 13,5% garantem  essa preservação, com certeza.  É um vinho diferente. Macio, sereno, embora intenso e pouco persistente.
Pode ser classificado como um vinho de entrada para quem quer ingressar no mundo dos vinhos.
Um valente Tannat  que o Paulo Roberto leva com seus sonhos de produção de vinhos nas barrancas do Rio Velho, pequeno arroio tributário do Santa Maria,  com pouca ou nenhuma interferência de agrotóxicos, gerando um produto na mais moderna linha francesa: os vinhos orgânicos, que estão ganhando espaço a cada dia nas mesas do Velho Mundo. Processo liderado por pequenas vinícolas e seus vignerons. Aliás, são as pequenas vinícolas francesas que produzem os grandes vinhos. Pequenas em tamanho,  mas gigantes na qualidade.
Um vinho marcante na sua simplicidade.
Esta é a minha opinião.
Obs- a imagem acima é do Cabernet Sauvignon, mas o rótulo do Tannat é igual, apenas muda o designativo da uva.

domingo, 11 de setembro de 2011

BORDEAUX- DE ONDE VICEJA O OURO GASTRONÔMICO

BORDEAUX- DE ONDE VISCEJA O OURO GASTRONÔMICO
FlávioMPinto
A região que circunda a cidade de Bordeaux- a capital mundial do vinho, na França, delimitada pelos leitos dos rios Dordogne e Garone, desagua no estuário do Gironde e dali para o Atlântico. Originariamente as plantações na região foram a partir de 71 a.C., no entanto, datam de 48 a.C., em Saint Emillion, devido a uma decisão romana de dar vinho a seus soldados.
Basicamente a região é dividida em três: margem esquerda, a sul do Garrone e Gironde, onde predomina a Merlot; a  margem direita a norte do Dordogne e do Gironde com domínio da Cabernet Sauvignon e,  Entre-deux-Mers, a região situada entre aqueles dois rios. Ainda é subdividida em inúmeras regiões, todas famosas por seus château  e vinhos. Paulliac, Margaux, Saint Julien, Saint Cristophe, Graves, Pomerol, Saint Emillion, Sauternes, Blaye, dentre elas, que encantam os paladares a séculos.
É a terra dos vinhos claretes, mas destacam-se os tintos e brancos com mesmo vigor. Os mais famosos e valiosos do mundo.
Antigamente, rara era a produção francesa de vinhos exportada. Foi após o casamento de Henry Plantagenet , o Henry II, inglês com a francesa  Alienor d’Aquitaine , no Séc XII, que as vendas para a Inglaterra passaram a acontecer e abastecer exclusivamente toda a Inglaterra a partir daí.
As terras de Bordeaux são basicamente compostas calcáreo, argila e areia com a predominância de cascalho na margem esquerda, com grande aporte de cálcio.
O corte bordalês típico é composto basicamente por Merlot, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot nos tintos, admitindo-se ainda Malbec, Carmenére e Cabernet Franc, e, nos brancos Semillon, Sauvignon Blanc e Muscadelle, destacando-se nestas a região de Sauternes.
Existe até uma classificação hierarquizada dos vinhos bordaleses estabelecida em 1855, critério exclusivo de preços.
São os 5 Gran Crus: Premiére, Deuxiéme, Troisiéme, Quatriéme e Cinquiéme, todos tintos e os Sauternes, brancos doces atacados pelo Botrytis cinerea, a podridão nobre de Sauternes. Em 1961, após intensa gritaria dos vignerons, tentou-se mudar a hierarquia, mas pouca coisa foi feita . Apenas rebaixaram 17 château na relação.
Os insatisfeitos se incluíram em outra classificação como Classe. Ex: Deuxiéme Gran Cru Classe.
De qualquer forma, constituem-se os mais famosos, valorizados e procurados vinhos do mundo, indiscutivelmente.
Um Ha na região vale em média 30 milhões de euros.

ALIOS DE SAINTE MARIE 2001

ALIOS DE SAINTE MARIE 2001
FlávioMPinto

Um vinho que mexeu comigo. Sem dúvidas um dos melhores que já bebi. Um legítimo Bordeaux do Château Sainte Marie com tudo que tem direito. Oriundo da AOC Première Côtes de Bordeaux, na região de Entre-deux-Mers, área compreendida entre os rios Dordogne e Garone,  a 8 km de Bordeaux, o corte bordalês nos enche o espírito com seus aromas e sabores.
Aromático e com taninos bem domados, o Alios deixa uma sensação de quero mais na boca. Frutado e elegante com seus sabores de framboesa dominando o paladar bem caracterizado de Entre-deux-Mers, deixa um final longo e inesquecível.
Um vinho completo que a gente sente em todos os parâmetros que caracterizam um Bordeaux. Um clássico assemblage bordalês de Merlot, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot que vale um sacrifício de compra.
Esta é a minha opinião.
 Adquiri-o em Paris na desesperança de não mais encontrá-lo, no entanto, surpresa,  este vinho pode ser encontrado nas melhores importadoras de vinhos no Brasil. Em castas mais jovens. Salut!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

MARCUS JAMES RESERVA ESPECIAL CHARDONAY 2011

MARCUS JAMES RESERVA ESPECIAL CHARDONAY 2011
FlavioMPinto
O Marcus James é da Vinícola Aurora, uma das mais premiadas do país. Só isso revela a seriedade e respeito com que tratam o vinho. É um vinho branco meio seco, da Serra gaúcha.
Tinha adquirido o Marcus James Chardonay 2011 apenas para completar o leque de vinhos numa legítima Paella espanhola, mas a resposta do vinho foi maior do que esperava.
Muito límpido e de cor brilhante com toques dourados, uma cor viva que convida.
Frutado e refrescante, nos revelou aromas de frutas cítricas de cara. Maça e pêssego foram o abre-alas para a prova em boca. Nela, o Marcus James Chardonay voltou a surpreender nos afirmando as frutas citadas e mais, amanteigado, nos passando a idéia de uma fermentação malolática muito bem feita. Algo até de bananas foi observado.
A cada gole um festival de frutas era descoberto. Maças, peras, bananas, pêssegos.
De boa acidez, um vinho muito equilibrado e delicado observando-se seu teor alcoólico de 12%.
Agradável e de ótima persistência e frescor.
Um bom vinho para se tomar só , bem geladinho, como aperitivo, ou acompanhando carnes brancas e comidas leves.
Um vinho bom, honesto, barato e de ótimo custo-benefício.