sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A MALDIÇÃO DA ALMADÉN


A MALDIÇÃO DA ALMADÉN

FlávioMPinto

Que ninguém duvide que algo sobrenatural existe no território da Almadén. Uma vinícola inovadora implantada em Sant’Ana do Livramento-RS,  logo alcançou os píncaros do sucesso com seus produtos. Foi  ícone nacional e até hoje, desde sua implantação na década de 70, fruto da prospecção por parte da Universidade da Califórnia que descobriu, via satélite, o terroir santanense.

Foi a vinícola que literalmente ensinou o brasileiro a tomar e degustar vinhos finos. Nos seus rótulos destacavam-se todos os requisitos dos melhores vinhos mundiais. E ganhou mercados ávidos por bons vinhos imediatamente. Inicialmente pela extrema qualidade dos seus produtos e uma segunda oportunidade, pela larga gama de castas produzidas e que agradavam todos os gostos do público consumidor brasileiro que só tinha semelhantes nos importados e com preços exorbitantes.

Quem não lembra da linha Palomas com seus rótulos prateados dos vinhos French Colombard, Flora California, Pinot St George,  distintíssimos, dentre outros? E a linha Ouro com um Chardonay, Cabernet Sauvignon e um Pinot Noir de fazer inveja aos melhores importados?além dos brancos muito bons como o Sauvignon Blanc, Semillon Blanc e Gewurtztraminer?

A indústria promissora progredia a olhos vistos no mercado nacional. É claro e óbvio, levava o terroir junto.

Mas concomitantemente com o sucesso, a vinícola passou a enfrentar problemas e a trocar de donos até a recente ameaça de ser fechada por sua última controladora- a Miolo.

A última fronteira vitivinícola acabara de ser descoberta e seus frutos estavam dando o devido recado. A região da campanha começara a trocar o regime pastoril pela vinicultura e as vinícolas, na senda aberta pela Almadén, começam a nascer no horizonte pampeano.

É claro que esse progresso passou a despertar inimigos comerciais, particularmente no setor mais tradicional de produção de vinhos no Brasil. E é muito estranho que as duas maiores vinícolas da fronteira deixem de engarrafar seus produtos em Livramento para engordar os cofres da região da Serra gaúcha.

A Almadén vem de uma longa série de vinhos pobres, nada condizentes com o passado de qualidade da empresa, apenas salvou-se com o Tannat Vinhas Velhas numa mostra que ainda sabe fazer vinhos de qualidade.

Será que a Miolo se deu conta que a marca Almadén é maior que ela?

As razões alegadas para fechamento não seriam puramente ciumeira do passado da empresa subordinada?

Não, não existem aspectos sobrenaturais. São aspectos puramente humanos.

A quantidade de vinícolas instaladas na fronteira não deixa mentir sobre o sucesso do terroir santanense.

Que a Almadén  encontre novamente mãos e cabeças que gostem dela e do vinho , mas antes entendam a revolução que fez na vitivinicultura na fronteira oeste do RS e no Brasil.

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