domingo, 27 de novembro de 2011

TANINOS

TANINOS
FlávioMPinto
Um experiente provador de vinhos taxou uma de suas provas como tendo “taninos maduros”.
Mas o que são taninos e o que é ser maduro? Difícil para os mortais, mas procuraremos desmistificar esse bicho, o tanino, um dos mistérios do vinho.
Identificá-lo não é difícil, embora os poucos sensíveis não percebam: sua existência se mostra por aquela sensação de trincar os dentes e gosto de maça verde. O vinho parece que desce rasgando, áspero, seca a boca.
O maior ícone tânico é o vinho Tannat, daí taninos!
Ele está nas cascas da uva, particularmente das tintas, não se encontrando nas brancas. Melhor dizendo, muito pouco encontrado nas brancas, quase nada. Quanto mais grossa a casca da uva tinta, mais tânica é.
Encontrou( o vinho Tannat) seu melhor momento no Uruguai, mas é originário de Madiran,  sul da França.
Carrega consigo o legado de ser possuidor da maior quantidade de resveratrol dentre os vinhos. Resveratrol é um composto muito útil na prevenção de problemas cardíacos. A intensa procura por vinhos de uva Tannat, acredito, seja por esse motivo. E aí reside a importância dos taninos.
Na boca identifica-se, como já vimos, pela sensação de adstringência, a tal de maça verde. E  são classificados de verdes a maduros. Quanto mais verdes mais adstringente é o vinho. Quanto mais maduros, mais redondo desce, mais macio, aveludado.
Nos contrapomos á adstringência dos taninos com alimentos gordurosos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

VINHOS BIOLÓGICOS/ORGÂNICOS

VINHOS BIOLÓGICOS/ORGÂNICOS
FlávioMPinto
Cresce no mercado mundial de vinhos a procura por vinhos biológicos.
Mas que vinhos são esses?
Eles provêem da agricultura biológica ou orgânica. A terra e todas as outras variáveis do cultivo são manipuladas de modo ecológico, favorecendo um modo de produção autossustentável, beneficiando a vinha, a fauna e a flora do local, garantindo ótima saúde ambiental para todo ecossistema. Tudo em detrimento dos métodos artificiais e químicos de controle de pragas, fertilização e manipulação do solo. As vinhas, por se tratarem com métodos biológicos, são mais resistentes a pragas.
O processo se estende á vinificação, onde também não são empregados meios artificiais para o beneficiamento do produto.
Os vinhos biológicos ou orgânicos não são submetidos a clareamento nem passam por armazenamento em barricas de carvalho, apresentando aromas e sabores totais e verdadeiros da casta vinificada. No caso dos tintos, são mais negros, quase  impenetráveis na sua cor e chegam a tingir a taça pelo caráter de suas matizes.
Não são tão potentes quanto os que passam por madeira nem tânicos, mas possuem um caráter altamente diferenciado, com final de boca cálido.
Desde a década de 1990, a agricultura orgânica aplicada aos vinhedos prospera na Itália e França com uma quantidade crescente de produtores. No Brasil, ainda não é visível a produção de vinhos orgânicos, embora já exista  no comércio/mercado.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

CRETACCIO NEGROAMARO PUGLIA IGT 2008

CRETACCIO NEGROAMARO PUGLIA IGT 2008
FlávioMPinto
Negroamaro é nada mais do que a repetição de negro em dois idiomas-negro/niger em latim e maru em grego antigo. É a principal casta da Puglia, o Tendão de Aquiles das terras italianas.
Normalmente usada para firmar a cor de outras uvas em assemblages. Muito raramente é utilizada só, em varietais.
Este Cretaccio Negroamaro 2008 é uma raridade, portanto. Vem de Salento, na Puglia, berço da Negroamaro. Além de tudo é oriundo da agricultura biológica, orgânico. Um vinho escuro, forte tonalidade púrpura, pouco transparente, impenetrável. Aromático, nos apresenta um show de  perfumes. Até traços de cedro e maracujá aparecem.
Chegando a tingir a taça, lágrimas modorrentas descem e nos encantam, nos revelando um vinho sedoso. Na boca, mostra-se muito encorpado . Um vinho muito gostoso e atraente de sabores distintos, destacando-se ameixas maduras e framboesas. Sua adstringência revela  taninos potentes e bem pronunciados, deixando marcas de uma breve passagem por barricas de carvalho.
De um final cálido e duradouro. Beba-o refrescado. Um vinho muito bom. Esta é a minha opinião

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O VINHO QUE SE CHAMA PELO NOME

O VINHO QUE SE CHAMA PELO NOME
FlávioMPinto
Quando você vai a um local e pede um vinho, como você se refere?
- Por favor, eu quero( ou me sirva, traga-me,  quero comprar) um vinho tinto/branco/ rosé.
Nos países de tradição, simplesmente nomeia-se o vinho.
- Veja-me um Margaux( um Bordeaux ou um Graves ou um Sauternes ).
O vinho é uma figura única. Cada um é cada um e se faz diferente a cada garrafa. E chamá-lo pelo nome é mais uma indicação e reconhecimento de sua absoluta individualidade.
No Brasil, poucos são os locais em que pode se chamar o vinho pelo nome, talvez até nenhum. Até porque, não temos o que a Europa oferece, particularmente tradição. Os vinhateiros nacionais não produzem somente um  tipo de vinho nas suas caves e as regiões ainda não dispõem de um vinho característico. Não teríamos como pedir, por exemplo, um Caxias...um Pinto Bandeira.... Já quem pede um Charlemagne, obviamente receberá um Chardonay da Borgonha. Um vinho claramente identificado com o lugar onde é plantada a uva no qual é  produzido.
Ainda temos um longo caminho a andar, caminho de educação vinícola em todos os níveis. Aliás, o nosso país carece de educação geral e não só nessa área, e pelo andar da carruagem estamos longe.
Mas ainda chegaremos ao ponto de chamar o vinho pelo nome, com toda cadeia produtiva altamente prestigiada e zelosa por seu produto.
Um povo pouco exigente consome produtos de baixa qualidade. Bebedor ruim leva a vinhos ruins, que não evoluem por falta absoluta de exigência no consumo. Apenas alguns bolsões de alto consumo existem e persistem no gosto de alguns abnegados.
No entanto, a qualidade dos vinhos brasileiros sobe em velocidade geométrica e num curto espaço de tempo teremos vinhos em nível internacional. Os espumantes já chegaram lá.
Agora é exigirmos cada vez mais para aumentar a qualidade dos demais em futuras áreas demarcadas.
Não chegaremos a dualidade do pão & vinho como parte da cultura como é na França, mas, um dia,  sem dúvidas, esse patamar será atingido.
Um dia, ainda, chamaremos o vinho por seu nome.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

VINHAS DA LAGOA CABERNET SAUVIGNON 2007

VINHAS DA LAGOA CABERNET SAUVIGNON 2007
FlávioMPinto
Sempre falo que a cada dia surgem novas vinícolas no Rio Grande e nos surpreendendo com seus vinhos. E terras novas descobertas e novos terroirs vão surgindo e mostrando o valor da terra gaúcha, agora fora da área  tradicional Serra, para a vitivinicultura.
Sérgio Veloso Ferreira, produtor de arroz em Tapes-RS, numa propriedade á beira da Lagoa dos Patos, ante a inconstância do arroz, decidiu procurar outros produtos de maior valor agregado. E aí surge o vinho. Não tinham qualquer experiência fora a cultura do arroz. Começaram literalmente do Zero. Nem acreditavam que a terra fosse produzir uvas. E a partir de 26 de dezembro de 2000, com as primeiras mudas, foram em busca do seu sonho. Tudo novo desde a experiência dos enólogos na área. E conseguiram: surge na beira da Lagoa dos Patos, em Tapes, na Fazenda Santana, o mais novo terroir gaúcho, produzindo vinhos que parecem já haver nascido ali.
Produzem, por enquanto, um Rosé feito de Merlot e Cabernet Sauvignon, fruto de reduzido contato das cascas com o mosto, belíssimo, um Cabernet Sauvignon e um Merlot, ambos muito distintos e um Tannat, ainda sem rótulo e não lançado no mercado, que nem parece ser vinho brasileiro e sim um orgânico francês do Languedoc  feito de Grenache Noir e Carignan, o Zoé, postado logo abaixo.
 Mais uma vez se comprova o caráter internacional das uvas produzidas.
Mas vamos nos ater ao Cabernet Sauvignon. Com um rótulo simples e objetivo, se apresenta. De cor rubi, forte, escuro, já se mostra um produto diferente. Na vinificação, o vinhateiro optou por não fazê-lo passar por barricas de carvalho nem chaptalizá-lo. As poucas lágrimas revelam seu baixo teor alcoólico-10,7%. De taninos suaves, não é agressivo e por ser pouco aromático, o resultado é um vinho que apresenta os mais puros aromas , cores e sabores da casta.
Um vinho robusto, embora pouco potente. Esta é a minha opinião.
Um vinho que já faz história.
Chaptalização é a prática que consiste na correção da deficiência de açúcar da uva com sacarose, sendo difundida por Jean Antoine Chaptal (1756-1832). Além de favorecer o equilíbrio do vinho através da elevação do grau alcoólico, a chaptalização também contribui na extração dos compostos fenólicos e aromáticos durante a maceração da uva (CHAPTAL, 1981).
Uma vista dos vinhedos da Vinhas da Lagoa-Tapes-RS

terça-feira, 15 de novembro de 2011

ZOÉ PARCÉS FRÈRES 2009

ZOÉ PARCÉS FRÈRES 2009
FlávioMPinto
Fugindo das tradicionais Cabernet e Merlot, adquiri-o em Paris, e não tenho a esperança de encontrá-lo no Brasil.
Feito por um grupo de négocians & vignerons que combatem os puritanos, higienistas e proibidores que existem na França hoje, agem em nome da dualidade do pão e vinho como parte da cultura francesa, assim como o amor á vida. En grec ZOI qui veut diré également Ève ” la Vivante” ,  mére de L’humanité. Um tipo de vinho que passa longe do mercado brasileiro.
Um legítimo filho da AOC Languedoc-Roussillon Village. Composto de Uvas Grenache Noir(55%), Carignan(35%) e Syrah(10%), é de um violeta escuro e firme. Pouco aromático no nariz, mas em boca, desabrocha em sabores de violetas e framboezas. Um vinho muito distinto com um caráter sui-generis. Afinal é do Languedoc. Suave, fácil de beber, mas muito marcante, deixando um retrogosto de quero mais. Pouco tânico e medianamente encorpado, não aparenta possuir 13,5% de teor alcoólico.
Um vinho leve para consumir com amigos. Esta é a minha opinião.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

CUNE CRIANZA 2005

CUNE CRIANZA 2005
FlávioMPinto
O Cune é um vinho produzido pela CVNE- Conpañia Vinicola Del Norte de España, que também produz o vinho preferido do rei da Espanha. No nosso caso é um tinto feito com as uvas Tempranillo, Garnacha(Grenache) e Mazuelo(Carignan francesa).
Degustei-o em Barcelona, no caso um Cune 2008, num restaurante no belo espaço gourmet do porto. Esperava não encontrá-lo no Brasil, mas a Da Vinci me proporcionou esse achado.
Um vinho bem espanhol da Rioja. De cor violácea,  já meio atijolada, e por ser 2005, já não apresenta um vigor que era esperado daquelas uvas, no entanto, dá mostras de ser um vinho diferenciado. Taninos moderados, boa acidez, boa fruta, algo apimentado, afinal representa as principais castas da Espanha e notadamente a Tempranillo da Rioja.
Muito bem demarcada sua passagem por carvalho-um ano- obrigatoria na qualidade de Crianza.
Medianamente encorpado deixa uma boa impressão.
Provavelmente safras mais recentes se apresentam em melhores condições. Esta é a minha opinião.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A VINÍCOLA BOUTIQUE

A VINÍCOLA BOUTIQUE
FlávioMPinto
O conceito de vinícola boutique é o mesmo do de roupas e acessórios , só que aplicado no setor vitivinícola.
São pequenas vinícolas especializadas em produção de grandes vinhos destinados a pessoas exigentes e entendedoras. São produtos competitivos pela qualidade. Marcas exclusivas, pequena produção, investimento em tecnologia, cuidados na produção. Locais exclusivíssimos com produtos especiais. Verdadeiras grifes. Vinhos exclusivos. Distintos. Não encontrados em todos os lugares.
É a busca da excelência em pequenas porções.
E como é sabido, são as pequenas vinícolas mundo afora que produzem os grandes vinhos.
A vinícola boutique vai nessa direção e a cada canto do Brasil surge uma com qualidade de produto indiscutível.
Talvez esse seja o caminho a buscar por aquelas vinícolas que não desejam qualidade a qualquer preço.
Uvas exclusivas, produção limitada, vinhos modernos e complexos. Para um público consumidor exigente.