domingo, 26 de maio de 2013

O GRANDE VINHO DA CAMPANHA


O GRANDE VINHO DA CAMPANHA

FlávioMPinto

Já chegou a hora de dar um nome ao grande vinho da campanha. Estamos acostumados aos rótulos bordaleses de “Gran Vin de Bordeaux”, e não seria estranho a região nominar seu expoente, embora os franceses tenham quase 2 mil anos de cultivo e nós pouco mais de 50.

Considerando ainda  que não se tem um blend típico da fronteira, a região da Campanha teria de escolher um representante. Uma uva, para início. Pode ser uma tinta e outra branca.

Produção aliada a aceitação popular, entenda-se volume de vendas, seria o parâmetro para tal, considerando que o forte da produção é de vinhos varietais, monocastas.

A meu ver teríamos a concorrer as tradicionais Merlot, Cabernet Sauvignon e Tannat entre as tintas e a Chardonay , incontestável nas brancas ante o sucesso dos espumantes da região da Campanha.

Um terroir sempre é identificado por uma uva ícone em qualquer parte do mundo. Esta serve de guia para o vinho ícone, seja ele varietal ou blend. A partir daí teríamos um projeto de AOC, Appellation d’Origen Controlée, como bem definem os franceses seus vinhos de origem localizada , reconhecida e certificada.

Agrega-se a isso o tipo de vinho mais conhecido e que faz a cara do lugar. A Almadén já fez isso, visionariamente, a mais de 30 anos.

A região da Campanha ainda é uma região nova para produção de vinhos finos, mas já possui suficiente personalidade pelo que produz.

Quem tomaria a iniciativa de propor?

CANESSA FAMIGLIA CARMENÉRE RESERVA 2011


CANESSA FAMIGLIA CARMENÉRE RESERVA 2011

FlávioMPinto





Um Carmenére simples e honesto, para início de conversa.

De cor violeta escura, desprendeu aromas frutados de cerejas frescas e framboesas desde a retirada da rolha dando sinais de vivacidade. É do Vale do Curicó-Chile e produzido pela Viña Ralco.  Foi encontrado em Canela –RS e é um  Reserva como todo chileno vindo para o mercado brasileiro.

Na boca se manifesta bem, medianamente encorpado, sem arestas e sem amargor. Não me parece ter passado por carvalho, se passou foi pouco tempo,  e processos de filtração, mostrando sua verdadeira face, sendo que o teor alcoólico passa despercebido-13%.

É um vinho redondo, macio, confortável e fácil de se gostar. Possui um final curto, talvez por sua pouca tanicidade.

Reafirmando, um vinho simples e honesto.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A CASTA IDENTIDADE


 A CASTA IDENTIDADE

FlávioMPinto

Em todo terroir, nos mais diversos países, uma casta se destaca na produção de vinhos e identifica o lugar dando origem a vinhos muito distintos. Em Bordeaux, no norte, a cavaleiro do rio Dordogne pontifica a Merlot e no sul, a cavaleiro do Garône, que faz as honras é a Cabernet Sauvignon em blends exclusivíssimos.  No Rhône a Syrah ou Shiraz. Na Califórnia a Zinfandel. No Uruguai a Tannat. Na Borgonha a Chardonay nas brancas e a Pinot Noir nas tintas. A Baga na Bairrada em Portugal e a Touriga Nacional no Dão. A Sangiovese na Toscana. Ainda a Tempranillo nos terroirs espanhóis da Ribera Del Duero e Rioja.

Uma identificação que define o caráter do produto feito naquelas paragens. Uma casta ícone que puxa a produção e a personalidade dos vinhos produzidos. Quem dita isso é o terroir. É o terreno com seu clima e características geológicas.

O Brasil, que produz vinhos recentemente, comparando com os grandes centros, ainda não identificou qual uva se dá melhor em cada terroir, embora tenha-se indícios de tal.

O que nos parece, é que no Brasil, se quer produzir todo tipo de uva em qualquer terroir sem se preocupar com a identificação da casta com o lugar.

Os nossos terroirs são ecléticos produzindo com a mesma intensidade e qualidade todas as castas? Absolutamente não.

Sempre uma casta se destaca , informando que ali se deu bem. Não temos uvas autóctones, mas uvas internacionais de grande aceitação nos terroirs brasileiros.

Basta ver a produção e aceitação da Tannat nas tintas na região da Campanha gaúcha assim como a Chardonay nas brancas. As tintas Merlot e Cabernet Sauvignon também estão nessa briga.

A identificação da uva líder qualifica o terroir, dignifica o público consumidor e apreciador da marca prestigiando-o, identificando-o.

“Vou beber um Palomas!” Visionariamente a Almadén já prenunciava isso nominando seus vinhos com o nome do terroir como bem fazem os franceses. Era o Rosé de Palomas, o Blanc e o Rouge de Palomas, vinhos que não deixavam dúvidas quanto á casta que o compunha.

A íntima ligação da casta com o terroir dá o nome ao vinho e como é bom chamar o vinho pelo nome!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

ARGIANO ROSSO DI MONTALCINO 2008


ARGIANO ROSSO DI MONTALCINO 2008

FlávioMPinto



Em primeiro lugar a Argiano SRL, Italia, fundada em 1580,  é uma das mais respeitadas vinícolas de Montalcino e por conseguinte, produtora de Brunellos de grande reputação.

Mas também produz um segundo vinho, com as mesmas Sangioveses, o Rosso di Montalcino, um fantástico mini brunello. Um legitimo representante da Toscana, feito com as mesmas uvas dos Brunellos, só que de áreas não certificadas para Brunellos. Mas é de Montalcino e estamos conversados.

Herda todas as principais características dos seus irmãos Brunellos a começar pela bela cor: um violáceo que dá vontade de nos atirarmos nela.

Aromas  frutados presentes nos dão ideia do que vem a seguir nos sabores. Cassis misturado com frutas vermelhas como cerejas e ameixas maduras dão o toque sofisticado ao produto. Primoroso. Impecável. Não foi á toa que a vinícola foi quem recebeu a primeira designação de DOCG para um vinho , o seu brunello.

É elegante e com uma aura de aristocracia sem paralelos. Complexo,com mil e um sabores se apresentando e um legítimo irmão dos Brunellos DOCG. Os sabores de ameixas passificadas não nos deixam mentir.

Muito persistente deixando um final marcante. Esta é a minha opinião.

OBS: a Argiano SRL é de propriedade recente de um brasileiro: André Esteves, dono do Banco BTG Pactual.