A CASTA IDENTIDADE
FlávioMPinto
Em todo terroir, nos mais diversos países, uma casta se
destaca na produção de vinhos e identifica o lugar dando origem a vinhos muito
distintos. Em Bordeaux, no norte, a cavaleiro do rio Dordogne pontifica a
Merlot e no sul, a cavaleiro do Garône, que faz as honras é a Cabernet
Sauvignon em blends exclusivíssimos. No
Rhône a Syrah ou Shiraz. Na Califórnia a Zinfandel. No Uruguai a Tannat. Na
Borgonha a Chardonay nas brancas e a Pinot Noir nas tintas. A Baga na Bairrada
em Portugal e a Touriga Nacional no Dão. A Sangiovese na Toscana. Ainda a
Tempranillo nos terroirs espanhóis da Ribera Del Duero e Rioja.
Uma identificação que define o caráter do produto feito
naquelas paragens. Uma casta ícone que puxa a produção e a personalidade dos
vinhos produzidos. Quem dita isso é o terroir. É o terreno com seu clima e
características geológicas.
O Brasil, que produz vinhos recentemente, comparando com os
grandes centros, ainda não identificou qual uva se dá melhor em cada terroir,
embora tenha-se indícios de tal.
O que nos parece, é que no Brasil, se quer produzir todo
tipo de uva em qualquer terroir sem se preocupar com a identificação da casta
com o lugar.
Os nossos terroirs são ecléticos produzindo com a mesma
intensidade e qualidade todas as castas? Absolutamente não.
Sempre uma casta se destaca , informando que ali se deu bem.
Não temos uvas autóctones, mas uvas internacionais de grande aceitação nos
terroirs brasileiros.
Basta ver a produção e aceitação da Tannat nas tintas na
região da Campanha gaúcha assim como a Chardonay nas brancas. As tintas Merlot
e Cabernet Sauvignon também estão nessa briga.
A identificação da uva líder qualifica o terroir, dignifica
o público consumidor e apreciador da marca prestigiando-o, identificando-o.
“Vou beber um Palomas!” Visionariamente a Almadén já prenunciava
isso nominando seus vinhos com o nome do terroir como bem fazem os franceses.
Era o Rosé de Palomas, o Blanc e o Rouge de Palomas, vinhos que não deixavam
dúvidas quanto á casta que o compunha.
A íntima ligação da casta com o terroir dá o nome ao vinho e
como é bom chamar o vinho pelo nome!
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