terça-feira, 20 de agosto de 2013

O VINHO QUE DEFENDO


O VINHO QUE DEFENDO

FlávioMPinto


Infelizmente temos de reconhecer que a excessiva carga tributária está matando alguns setores da indústria nacional. É fato inconteste. A concorrência estrangeira se delicia, pois as barreiras foram postas por brasileiros mesmo. Sim, brasileiros foram os que colocaram as barreiras contra os produtos nacionais.

Outro dia, me encontrava em um encontro para cultuar o vinho. Era uma palestra, não recordo o assunto específico, mas era o vinho.  Comentei , reservadamente com o cidadão que estava ao meu lado, sobre a infeliz situação em que se encontrava, e se encontra, o setor vinícola em relação aos congêneres sulamericanos, notadamente chilenos e argentinos que colocam o equivalente a duas produções nacionais no nosso mercado, tudo sem impostos. Um crime lesa-pátria.

Comentava ainda, da carga tributária que os nacionais são afetos a despeito da qualidade que a cada dia melhora. A concorrência nacional contra os chilenos e argentinos é de vinhos muito bons contra medíocres e perdemos pelo preço. Sim, o preço baixo vence a qualidade dos produtos acionais. Pois bem, comentava isso quando olho para trás e vejo no grupo de degustadores, o deputado que foi o autor da bizarra medida contra os vinhos nacionais: não taxar os castelhanos e sobretaxar os brasileiros em quase 60%. Não perderia a oportunidade de, naquele local, de contestá-lo. Devo ter falado alto, pois estava indignado com o acinte de ver aquela figura num ambiente que ele ajuda a destruir.

O caso é que, quando fui fazer uma intervenção na palestra o cidadão havia saído e não se encontrava mais no recinto. Com certeza ouviu o que eu falei e escafedeu-se. Não quis ser contestado nem confrontado com o que fez. Ficou para outra oportunidade, mas não vou me preocupar em andar atrás dele. Não vale a pena e ele acabará surgindo na minha frente, com certeza. Mais cedo ou mais tarde.

Mas o caso, independente dos impostos é a qualidade do vinho que está em jogo. Ninguém, de sã consciência, deixa de reconhecer que a qualidade do vinho nacional cresce de forma geométrica. É um fenômeno. Isto independe dos extorsivos impostos e da concorrência feroz que os chilenos e argentinos trazem ao nosso mercado por força de medidas e leis comerciais.

Os enfrentamos com qualidade e eles com o preço. Os nossos produtos superiores concorrem com os médios e inferiores deles e são superados no volume de vendas.

Eu defendo o vinho de qualidade e qualidade não tem preço, ainda mais no mercado do vinho. Com a entrada do vinho da região da Campanha no mercado, adicionando novas técnicas de plantio e vinificação, o produto nacional cresceu em qualidade e os vinhos estão aí para não me fazer mentir.

Novos terroirs, novas marcas, novos vinhos. O vinho da Serra gaúcha já faz tempo que apresenta qualidade indiscutível.

Nesta fatídica hora, em que os pequenos produtores estão sendo asfixiados pelos impostos, muitos fechando as portas dos galpões, o setor vitivinícola parece se engrandecer ante a concorrência do governo e dos sulamericanos importados sem impostos.

É bem sabido no mercado de vinho mundial, que os grandes vinhos são produzidos por pequenas empresas. O terroir do Romanée Conti , um humilde Pinot Noir da Borgonha, é de nada menos de 2,3 hectares! E veja-se o preço que alcança o seu vinho no mercado!!!Quase 10 mil dólares a garrafa.

O vinho gaúcho de pequenas vinícolas é, portanto, um vinho de combate, de sobrevivência. Pela qualidade e pelo preço. E os produtores nacionais, na sua imensa maioria pequenos produtores, são verdadeiramente heróis. Lutadores e valentes.

Que assim sejam vistos pelas autoridades.

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