AS UVAS NA FRONTEIRA GAÚCHA
FlávioMPinto
Quando a Universidade da
Califórnia-EUA, na década de 60/70 fez a
famosa prospecção na região da Campanha com uso até de tecnologia de satélites
exploradores, o setor vitivinicola brasileiro vivia na idade da Pedra.
Então, os americanos apontaram
uma promissora região vitivinícola, uma das últimas do globo terrestre a ser
explorada. Considerando que a vinicultura vive de terroirs, pequenas parcelas
de terra com clima e solo uniformes, os especialistas americanos visualizaram
milhares de terroirs ainda não explorados, espalhados por toda região da
Campanha gaúcha.
A primeira empresa a se instalar
foi a Almadén, da National Destillers , em Livramento, que trouxe tecnologia européia
e ainda inexistente no Brasil para tratar das uvas e chamar os vinhos como no
Primeiro Mundo. Literalmente a Almadén ensinou o brasileiro a degustar e não
beber vinhos de qualidade.
Rapidamente tomou o mercado
brasileiro de assalto conquistando o paladar ávido de degustadores de
caríssimos vinhos estrangeiros. O respeito ao consumidor nas variedades
apresentadas, nos rótulos vendidos, no relacionamento com os clientes, eram a
tônica.
A firma americana lançou a
semente de uma região promissora , que hoje é uma realidade, com inúmeras vinícolas seguindo seu rastro de
qualidade.
A vinicultura é uma tradição
muito antiga na cidade, tanto é que poucas são as casas que não possuem uma
parreira no seu quintal dando uma bela sombra e melhores frutos. Recordo das
uvas brancas e Moscatel que tínhamos em casa.
O clima e solo foram os maiores
responsáveis e determinantes pelo plantio e evolução das vitis viníferas na região da
Campanha. O solo arenoso que proporciona raízes profundas apoiadas por um clima
frio e úmido no inverno e seco e quente no verão era o que aquelas uvas
desejavam.
E não deu outra. Já temos o AMAT,
da Juan Carrau, de Rivera, bem na linha divisória do Brasil com Uruguai, com
parreirais serpenteando marcos territoriais, sendo considerado o melhor Tannat do mundo. Um vinho sideral, como bem
definiu um dos maiores entendidos do setor, o inglês Neil Beckett.
Outras vinícolas e outros vinhos
surgirão no futuro promissor da antiga área habitada por pastagens e gado de
corte e leite, que agora convivem com os parreirais.
As espaldeiras estão tomando
conta das suaves e verdejantes colinas gaúchas “penteadas” solenemente pelo
Minuano.
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