quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

UVAS NA FRONTEIRA GAÚCHA


AS UVAS NA FRONTEIRA GAÚCHA

FlávioMPinto

Quando a Universidade da Califórnia-EUA, na década de 60/70  fez a famosa prospecção na região da Campanha com uso até de tecnologia de satélites exploradores, o setor vitivinicola brasileiro vivia na idade da Pedra.

Então, os americanos apontaram uma promissora região vitivinícola, uma das últimas do globo terrestre a ser explorada. Considerando que a vinicultura vive de terroirs, pequenas parcelas de terra com clima e solo uniformes, os especialistas americanos visualizaram milhares de terroirs ainda não explorados, espalhados por toda região da Campanha gaúcha.

A primeira empresa a se instalar foi a Almadén, da National Destillers , em Livramento, que trouxe tecnologia européia e ainda inexistente no Brasil para tratar das uvas e chamar os vinhos como no Primeiro Mundo. Literalmente a Almadén ensinou o brasileiro a degustar e não beber vinhos de qualidade.

Rapidamente tomou o mercado brasileiro de assalto conquistando o paladar ávido de degustadores de caríssimos vinhos estrangeiros. O respeito ao consumidor nas variedades apresentadas, nos rótulos vendidos, no relacionamento com os clientes, eram a tônica.

A firma americana lançou a semente de uma região promissora , que hoje é uma realidade,  com inúmeras vinícolas seguindo seu rastro de qualidade.

A vinicultura é uma tradição muito antiga na cidade, tanto é que poucas são as casas que não possuem uma parreira no seu quintal dando uma bela sombra e melhores frutos. Recordo das uvas brancas e Moscatel que tínhamos em casa.

O clima e solo foram os maiores responsáveis e determinantes pelo plantio e evolução das vitis viníferas  na região da Campanha. O solo arenoso que proporciona raízes profundas apoiadas por um clima frio e úmido no inverno e seco e quente no verão era o que aquelas uvas desejavam.

E não deu outra. Já temos o AMAT, da Juan Carrau, de Rivera, bem na linha divisória do Brasil com Uruguai, com parreirais serpenteando marcos territoriais, sendo considerado o melhor  Tannat do mundo. Um vinho sideral, como bem definiu um dos maiores entendidos do setor, o inglês Neil Beckett.

Outras vinícolas e outros vinhos surgirão no futuro promissor da antiga área habitada por pastagens e gado de corte e leite, que agora convivem com os parreirais.

As espaldeiras estão tomando conta das suaves e verdejantes colinas gaúchas “penteadas” solenemente pelo Minuano.

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